Celebrar a fotografia, no dia dela, um pouco por todo o país

O CPF, no Porto, e o Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, apostam num programa de cariz mais pedagógico. Em Paredes de Coura debate-se o fotojornalismo.

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Várias cidades organizam eventos para celebrar o Dia Mundial da Fotografia Lara Jacinto/Arquivo

Quando Louis Daguerre criou o daguerreótipo, estaria longe de pensar que, quase dois séculos depois, a evolução natural da sua invenção caberia num bolso, mostraria o resultado da fotografia instantaneamente, serviria de telefone ou pudesse estar ligada a uma rede global de utilizadores. No dia Mundial da Fotografia, celebrado nesta sexta-feira, um pouco por todo o país, o Centro Português de Fotografia (CPF), no Porto, aposta numa programação direccionada para o público infanto-juvenil, de cariz pedagógico, com o objectivo de enquadrar o papel da fotografia no tempo, sublinhando o seu poder de ilusão.

“É difícil explicar a uma criança que, não há muitos anos, quando se tirava fotografias, só uns dias depois é que as podíamos ver”, diz ao PÚBLICO a responsável pelo serviço educativo do CPF, Sónia Silva. Algo natural, refere, fruto do avanço tecnológico, que, no entanto, entende ser necessário ser explicado aos mais novos, no sentido de se valorizar “o poder da fotografia”, numa altura em que a difusão de imagens se massificou. Sónia nunca partiu do princípio que uma imagem vale mais do que mil palavras, por entender existirem leituras diversas e por achar que qualquer imagem se completa quando acompanhada por uma legenda. No entanto, como acredita que a fotografia ainda pode ter impacto e não perder a força, entende ser função do CPF educar o público mais jovem para a forma como assimila um conteúdo fotográfico. 

Para que consigam perceber o poder de ilusão que a imagem encerra, as crianças que participarem na oficina infanto-juvenil,  A Persistência do Olhar, vão poder construir alguns brinquedos ópticos, que ilustram o processo de formação da imagem em movimento: “Esse tipo de brinquedos ajudam a perceber que nem sempre o que estamos a ver é o que lá está na realidade”, refere.

À margem desta actividade, que já atingiu o número máximo de inscrições, quem visitar o CPF vai ter direito a algumas surpresas e a descontos na loja. Entre 19 e 21 de Agosto, em parceria com Irmandade dos Clérigos, decorre o passatempo Um Novo Olhar sobre os Clérigos, aberto ao público em geral, que é convidado a fotografar a Torre dos Clérigos, dentro e fora de portas.

Em Paredes de Coura o dia vai ser assinalado com destaque para o fotojornalismo. A partir das 15h30, o Centro Cultural, onde está patente a exposição do Prémio de Fotojornalismo Estação IMagem Viana de 2016, abre portas para um debate que conta com a presença dos fotojornalistas Paulo Pimenta, do PÚBLICO, Leonel Castro, do Jornal de Notícias e Rui Duarte Silva, do Expresso, numa iniciativa que tem como moderador José Pedro Santa-Bárbara, da Estação Imagem. No decurso deste debate serão projectados alguns trabalhos nacionais e internacionais. A entrada é livre.

A Casa-Estúdio Carlos Relvas, na Golegã, comemora o dia com a mostra Colecções de Material de Fotografia e Imagem do século XX, do acervo, doado entre 2014 e 2016 por amantes de fotografia. Em Aveiro, no Rossio, a associação Aveiro Viva promove um concurso relâmpago para que fotógrafos amadores registem com a câmara a cidade que os seus olhos conhecem. A iniciativa começa às 10h00 e é aberta ao público em geral. A melhor fotografia será premiada. 

Na Associação Académica de Coimbra a efeméride é celebrada com um encontro entre aficionados pela arte de fotografar, que, entre as 16h00 e 00h00, podem participar numa série de actividades práticas e num jantar de confraternização. Em Lisboa as comemorações realizam-se no sábado e no domingo, no Pavilhão do Conhecimento, com um conjunto de cerca de dez actividades, que têm como base os fenómenos científicos que ocorrem quando se dispara o botão da máquina fotográfica. O programa completo pode ser consultado no site do Pavilhão do Conhecimento.

O Dia Mundial da Fotografia tem origem na invenção do daguerreótipo, um processo fotográfico desenvolvido por Louis Daguerre em 1837.  Em Janeiro de 1839, a Academia Francesa de Ciências anunciou a invenção do daguerreótipo e a 19 de Agosto do mesmo ano o governo francês considerou a invenção de Daguerre como um presente "grátis para o mundo".

 

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