Poeiras do deserto do Saara esperadas no continente e Madeira

Agência Portuguesa do Ambiente alerta para impactos na qualidade do ar. Temperaturas vão manter-se altas, mas vento vai diminuir de intensidade.

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As previsões para os próximos dias favorecem o combate aos fogos Nélson Garrido

A Agência Portuguesa do Ambiente alertou nesta quinta-feira para a possibilidade de Portugal continental e a Madeira serem afectados por uma massa de ar do norte de África, com partículas e poeiras do deserto do Saara que podem alterar a qualidade do ar.

As previsões referem "a ocorrência de intrusão de massa de ar proveniente do Norte de África contendo partículas e poeiras em suspensão que poderão afectar a qualidade do ar hoje", situação que pode prolongar-se para sexta-feira.

Trata-se de um fenómeno natural que afecta a qualidade do ar ambiente, e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) estima que pode contribuir para um aumento das concentrações de partículas em suspensão (PM10), mais intensas (entre 20 a 40 microgramas por metro cúbico — mgm-3), nas regiões do Algarve, Alentejo, Lisboa e Vale do Tejo e centro, e menos (entre 10 a 20 mgm-3) no Norte.

Para o arquipélago da Madeira, "estima-se que este fenómeno possa contribuir para um aumento máximo das concentrações à superfície na ordem de 40 mgm-3", segundo a APA.

Para as partículas PM10, a Organização Mundial de Saúde aponta o limite de 20 microgramas por metro cúbico, e a União Europeia refere uma média anual de 40 microgramas por metro cúbico. Estas partículas podem entrar no aparelho respiratório e constituem, segundo a OMS, um risco para a saúde ao aumentar a mortalidade nas infecções respiratórias e causar doenças, como cancro do pulmão, ou problemas cardiovasculares.

A APA explica que a "persistência de uma situação sinóptica, anticiclone a sudoeste das Ilhas Britânicas e uma depressão centrada no norte de África que se estende até à Península Ibérica resultam numa circulação do quadrante leste nos níveis baixos da atmosfera". Esta circulação favorece o transporte de uma massa de ar formada sobre os desertos do norte de África, contribuindo para o aumento de partículas e poeiras em suspensão em Portugal continental e arquipélago da Madeira.

Vento abranda

A concentração de fumo sentida em Portugal também pode causar problemas a nível respiratório, mas o tempo nos próximos dias vai estar favorável para a diminuição dos incêndios.

Segundo a meteorologista Paula Leitão, "nos próximo dias vamos continuar com tempo quente com temperaturas acima dos 30 graus Celsius, podendo chegar aos 37 no Alentejo. No entanto, o vento que tem soprado forte vai diminuir de intensidade", ajudando no combate aos fogos.

"A partir da tarde de hoje o vento vai começar a rodar para o quadrante oeste e vai diminuir, ajudando ao combate aos incêndios florestais", disse. De acordo com Paula Leitão, tem havido queixas de muito fumo na região do litoral a norte da Figueira da Foz, mas durante a tarde com a brisa do mar deverá reduzir.

"A partir de sábado está previsto céu geralmente limpo, vento em geral fraco e já começa a haver possibilidade de nevoeiros na faixa costeira. Para domingo, as previsões apontam para alguma instabilidade com possibilidade de aguaceiros nas montanhas do litoral norte, na região do Gerês", explicou.

Paula Leitão salientou que até domingo as temperaturas mínimas vão manter-se altas, acima dos 20 graus na maioria do território. "Na terça e na quarta-feira há uma tendência para uma descida das temperaturas e chuva no litoral norte e centro", conclui.

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