O desporto nacional necessita muito de Marcelo e António Costa

Batermo-nos em pé de igualdade na Europa é um desígnio do Estado.

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e o Primeiro-Ministro António Costa devem ao país e ao desporto o terem beneficiado das medalhas europeias do Atletismo e da vitória na fase final do Campeonato Europeu de Futebol em França. As vitórias não caíram do céu e são um benefício que deverá ser retribuído com políticas desportivas que tenham consequências na melhoria do ranking desportivo de Portugal no seio da Europa. Quem vier no futuro tem o direito de beneficiar de momentos equivalentes e ainda maiores do que os que agora foram produzidos. No passado houve um investimento nacional de muitas gerações de portugueses e agora há que criar condições para dominar as vitórias do futuro e essa é a responsabilidade actual de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa. Quando surgem políticos impreparados para viverem com saber e honra os feitos do desporto é importante que o país observe nos mais altos responsáveis da Nação, o Presidente da República e o Primeiro-Ministro, a predisposição de criação de um legado desportivo inequívoco às gerações futuras que quem está impreparado nem sequer “as pensa”. Por menor que seja o período da legislatura, a determinação de política desportiva para o século XXI deve ser inequívoco e não deve ser desculpa para as minudências e prepotências tão banais no desporto português empurrando a legislatura do desporto com a barriga.

Portugal produz medalhas e resultados extraordinários que desaparecem quando comparados de forma agregada com os de todos os outros países europeus. Se soubéssemos, produzíamos mais medalhas olímpicas e mais de 70% da população afirmaria praticar desporto. Faltam boas instituições desportivas, a liderança esclarecida, o querer e o acreditar que é possível os portugueses baterem-se e vencerem os melhores do planeta. O professor Rui Reis da Universidade do Minho disse que é decisivo acreditar que é possível e que foi esse o seu norte para se afirmar mundialmente. Pelo contrário o ex-Conselho Superior do Desporto aprovou um documento de política a afirmar que Portugal tinha fracos resultados desportivos porque era um país pequeno. Há líderes desportivos que não debatem com os presidentes de federações a inovação de política desportiva nem têm uma Visão de convergência dos padrões desportivos nacionais com os da Europa e executam sem questionarem o interesse das federações desportivas a austeridade cega.

Como responsáveis públicos Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa deveriam dirigir-se aos dirigentes desportivos e ajudá-los a vencer o seu derrotismo endémico, tal como, Rui Reis sugere a necessidade de amor-próprio por parte de todos os envolvidos em projectos nacionais que devem ser ambiciosos.

Batermo-nos em pé de igualdade na Europa é um desígnio do Estado porque o nível do desporto europeu é um nível de produção que se alcança com políticas públicas baseadas em factos científicos e ao longo das décadas e dos séculos.

Carlos Fiolhais é um cientista que elevou a voz publicamente em prol do desporto português e contra iniquidades que estão documentadas no blogue De Rerum Natura e no jornal Público. O desporto necessita que a ciência potencie as suas políticas desportivas como fez Moniz Pereira e Carlos Queiroz. As primeiras medalhas no atletismo e no futebol são um misto de força interior, crença e intuição superior na gestão de capital humano capaz de mover as montanhas do olimpismo moderno. Nos anos 70 e 80 Portugal não tinha o capital desportivo de hoje e os 2 técnicos criaram ciência e técnica nova que demonstrou ser de nível mundial. Houve problemas e sabe-se que Carlos Queiroz teve que emigrar e o atletismo foi tolhido pelos condicionalismos jurisdicionais das Leis de Bases do Desporto que minaram muito do capital acumulado por décadas de sucesso desportivo. Desportiva, económica, social e politicamente a Espanha começou a par de Portugal, seguiu o exemplo de Carlos Queiroz e foi a campeã de tudo no futebol e passou a bater-se com os melhores.

Quando o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa fala da CPLP deveria sugerir que Portugal tem um papel decisivo no desenvolvimento desportivo de todos. O país tem um nível de produção intermédio e se desenvolver melhores instituições desportivas poderá oferecer o modelo dessas boas instituições e o seu nível de tecnologia mais próximo dos países da CPLP. O desafio não é a nefasta caça ao talento para abrir mais os horizontes financeiros de um qualquer empresário desportivo. A Visão do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa deveria ser a capacidade de gerar nos países da CPLP o desenvolvimento da prática desportiva das populações a par de um alto rendimento desportivo de rosto humano e capacidade de afirmação mundial com a participação amiga de Portugal.

António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa necessitam muito do desporto nacional.

Economista, fjstenreiro@gmail.com

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