Fehaid Al-Deehani, o primeiro campeão olímpico independente

Atirador do Kuwait conquistou o ouro na prova de fosso duplo. Foi a sua terceira medalha olímpica, mas a primeira na condição de atleta independente.

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Fehaid Al-Deehani festeja a conquista do ouro nos Rio de Janeiro PASCAL GUYOT/AFP

Por razões variadas, há atletas que competem de forma independente nos Jogos Olímpicos. As convulsões políticas são o motivo mais comum que leva a que os desportistas não possam desfilar com a bandeira do seu país, mas, no caso da equipa olímpica independente no Rio de Janeiro, o que está em causa é a interferência governamental no Comité Olímpico do Kuwait. Entre estes nove atletas, já há um campeão: Fehaid Al-Deehani arrebatou o ouro na competição de fosso duplo.

Pela terceira vez desde 2007, o Kuwait está suspenso de organizações internacionais como o Comité Olímpico Internacional ou a FIFA devido à interferência governamental no funcionamento dos organismos locais. Mas isso não impediu que nove atletas do emirado árabe marcassem presença nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. E a comitiva já tem uma medalha de que se orgulhar. O atirador Fehaid Al-Deehani, de 49 anos, venceu a prova de fosso duplo e falou num momento “muito especial”. É o primeiro atleta independente a sagrar-se campeão.

“Nunca é tarde de mais. Finalmente consegui vencer. Este foi o meu dia, e tem um significado imenso para o meu país”, congratulou-se o oficial do exército, que já tinha duas medalhas de bronze, ambas obtidas a competir sob a bandeira do seu país: uma em Sydney 2000, no fosso duplo, que foi a primeira de sempre de um atleta do Kuwait nos Jogos Olímpicos. E outra em Londres 2012, no fosso olímpico, em circunstâncias especiais – não pôde levar uma carabina de reserva por falta de espaço na bagagem, e teve de pedir uma emprestada a um atirador do Qatar quando a sua ficou danificada.

Al-Deehani superou o italiano Marco Innocenti por 26 a 24 na série final, que foi para o desempate. O oficial do exército, que para além de tiro gosta de caçar, praticar futebol e karaté, empenhou-se em tentar solucionar os problemas do desporto do Kuwait, apelando ao governo para fazer concessões. Como tal não aconteceu, foi adoptada a solução de criar uma comitiva olímpica independente. O atirador foi considerado para ser porta-estandarte na cerimónia de abertura, mas recusou: “Sou militar, só posso carregar a bandeira do Kuwait”, justificou-se.

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