EMEF vai reparar comboios da Fertagus

A operadora privada do grupo Barraqueiro assinou o maior contrato de sempre com a EMEF mas quem paga é o Estado.

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Depois de anos de prejuízos, a EMEF regressou recentemente aos lucros. Nélson Garrido

A EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, que pertence ao grupo CP, vai participar na reparação de meia vida da frota da Fertagus, composta por 18 automotoras UQE (Unidades Quádruplas Eléctricas) num total de 72 veículos.

O contrato, no valor de 1,2 milhões de euros, contempla a revisão de compressores, blocos e distribuidores de freio, bogies (rodados), baterias, num total de 880 componentes, ao longo de dois anos.

Os comboios da Fertagus datam de 1998 e a revisão da meia vida consiste, na prática, em desmontar integralmente todas as carruagens, rever todos os seus equipamentos e “reconstrui-las” de forma a poderem durar mais 20 anos.

É esse o motivo pelo qual, sendo a Fertagus a gerir este processo, não é esta empresa que pagará a factura. A frota da operadora que tem a concessão do “comboio na ponte” (serviço suburbano entre Lisboa e Setúbal) não é sua, mas da Sagesecur – Sociedade de Titularização de Créditos, uma empresa detida a 100% pela Parpública.

Tratando-se de um activo do Estado, a revisão da meia vida é por este assumida, dado que não se trata de uma despesa corrente de exploração. Já as manutenções periódicas decorrentes da utilização dos comboios ao serviço da Fertagus são pagas por esta.

Fonte oficial desta transportadora disse ao PÚBLICO que a empresa definiu a tipologia das intervenções a realizar, fez a selecção das empresas consultadas e planeou toda a gestão desta operação, sempre sob a égide e a validação do IMT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes) que é a entidade concedente.

Para a EMEF, e de acordo com fonte oficial, “esta adjudicação representa o regresso à indústria portuguesa duma actividade para a qual a Fertagus utilizou os serviços de empresas estrangeiras, nomeadamente espanholas, em anteriores ocasiões”.

Com este contrato, a transportadora ferroviária privada ascende ao grupo dos melhores clientes da EMEF além da CP (que é cliente e accionista), a par da Medrail (ex-CP Carga), Metro do Porto, SIMEF (empresa que agrupa a Siemens com a EMEF) e a Infraestruturas de Portugal (que também possui veículos ferroviários).

Depois de anos de prejuízos, a EMEF regressou recentemente aos lucros. No primeiro semestre deste ano a empresa facturou quase 30 milhões de euros e tem lucros de 1,6 milhões, em linha com os 1,5 milhões de lucros do mesmo período no ano anterior.

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