Depois de David Bowie, também os Pink Floyd chegam ao Victoria & Albert

O museu londrino prepara com os membros sobreviventes uma exposição retrospectiva da carreira e impacto da banda de Dark Side Of The Moon

Foto
Roger Waters, Nick Mason, Syd Barrett e Nick Wright, a formação original dos Pink Floyd, do dia da assinatura do seu primeiro contrato discográfico, em 1967 dr

Com Endless River encerrou-se a história. Gravado por dois dos Pink Floyd históricos, o guitarrista e vocalista David Gilmour e o baterista Nick Mason, com Roger Waters mantido à margem, mas presente, inevitavelmente, no espírito de canções que eram homenagem ao som e percurso da banda e, de forma declarada, um requiem por Rick Wright, o teclista fundador falecido em 2008, o álbum pôs fim às recorrentes especulações sobre uma possível reunião. “Os Pink Floyd cumpriram o seu percurso”, confirmou David Gilmour o ano passado.

Agora, é tempo de olhar para trás e apreciar e avaliar tudo o que trouxeram ao mundo da música ao longo de uma carreira de cinco décadas. É o que fará o museu londrino Victoria & Albert. Noticia o The Guardian que o museu prepara com os membros sobreviventes da banda uma exposição dedicada aos Pink Floyd, que se pretende que tenha a mesma ambição da celebrada David Bowie Is (2013).

Inicialmente liderados pelo génio visionário de Syd Barrett, que será alvo de inevitável destaque, os Pink Floyd foram primeiro porta-estandarte da revolução musical psicadélica e foram depois, quando do colapso psicológico do seu primeiro líder e consequente chegada à banda de David Gilmour, ponta de lança do rock progressivo. Pelo caminho, transformaram a própria natureza de um concerto rock, que passou a ser encarado como verdadeiro espectáculo cénico. A exposição dará devido destaque a esse aspecto do grupo, através da recriação do aparato de palco da digressão de The Wall, por exemplo. Determinante, também, a estreita colaboração com a Hipgnosis, a empresa de design fundada por Aubrey Powell e Storm Thorgeson que criou as icónicas capas da banda – o prisma e arco-íris de Dark Side Of The Moon será a mais conhecida, mas o cenário industrial de um Dickens de ficção científica criado para Animals, outro exemplo entre muitos, são testemunho de um património visual que é hoje não só indissociável da banda como da própria história do rock.

Algum do material a apresentar na exposição em preparação estará já disponível. Virá de uma outra exposição, organizada por uma promotora italiana em 2014 e abortada por divergências relacionadas com pagamento de direitos autorais – um porco gigante insuflável, como o que figura na capa de Animals, e uma reprodução do palco utilizado na digressão original de The Wall, cumprida entre 1980 e 1981, deverão transitar para o Victoria & Albert.

Antes da exposição dedicada à carreira dos Pink Floyd, a banda marcará presença no museu quando o  Victoria & Albert inaugurar em Setembro You Say You Want a Revolution? Records & Rebels 1966-70. O título é retirado de um verso de Revolution, single de 1968 dos Beatles, e a exposição centrar-se-á nas profundas transformações culturais e sociais vividas na década de 1960. Numa das salas poderemos apreciar uma recriação do UFO. Situado em Tottenham Court Road, era um clube pequeno em dimensão mas grande em influência. Centro da contracultura londrina, teve nos Pink Floyd, ainda com Syd Barrett, um dos maiores símbolos da anunciada alvorada psicadélica.

Sugerir correcção
Comentar