E com o calor, ei-las em força. Margem Sul do Tejo declara guerra às baratas

Câmara da Moita foi obrigada a prolongar acções de desinfestação porque o calor excessivo provocou um aumento “excepcional” da praga. Em Palmela, Montijo e Setúbal também há queixas e empresas dizem que problema abrange todo o país.

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As elevadas temperaturas que se têm registado este Verão provocaram um aumento do número de baratas na margem sul do Tejo. A conclusão é da Câmara Municipal da Moita que anunciou esta semana o prolongamento das acções de desinfestação porque registou uma proliferação “excepcional” do que já chamam praga.

“A autarquia reconhece a existência do problema, com maior incidência nas freguesias da Baixa da Banheira e da Moita”, disse o vereador da Administração Urbanística e Desenvolvimento Económico. João Romba acrescenta que “todos os anos existe esta praga, que vai sendo debelada com os trabalhos de desinfestação contratados a uma empresa”, contudo o “calor excessivo e continuado do presente ano provocou uma situação excepcional da praga, dificultando a desinfestação que é realizada anualmente”.

Segundo o autarca, o combate que é regularmente feito às baratas no concelho da Moita, foi este ano prolongado, com o alargamento do período de intervenção da empresa contratada, porque a exterminação está a ser mais difícil.

“Há um mês que a empresa contratada para a desinfestação está no terreno e a situação anormal que estamos a vivenciar levou-nos a solicitar o prolongamento da sua actuação”, explica João Romba. Uma solicitação a que a empresa está a ter “algumas dificuldades” em responder porque o problema, do crescimento do número de baratas “verifica-se de norte a sul do país”. Há também diversas queixas no concelho de Lisboa e todas as empresas de desinfestação dizem o mesmo: O calor potenciou a proliferação dos insectos.

No caso da Moita, a autarquia garante que está a tentar responder às queixas que recebe de munícipes e comerciantes, mas admite que não será fácil. “É difícil, para não dizer impossível, controlar ou evitar a existência de situações deste género, dado que dependem de factores exógenos”, diz João Romba. 

A Câmara Municipal aponta as freguesias da Baixa da Banheira e da Moita como as mais afectadas e o PÚBLICO confirmou o problema num café do centro da vila moitense. O proprietário do “Pampilho” revela que este ano já gastou 500 euros em desinfestações para combater as baratas.

Apesar do incómodo que está a gerar, a intensificação da presença de baratas não foi confirmada pelas autoridades de Saúde nem mereceu ainda qualquer acção por parte da Direcção-Geral de Saúde. O delegado de Saúde dos concelhos da Moita e Barreiro disse ao PÚBLICO não ter recebido, até à data, qualquer alerta ou comunicação.

Mário Durval admite, no entanto, que as temperaturas elevadas possam potenciar o desenvolvimento das colónias de baratas. “É muito provável, elas normalmente dão-se bem no calor e até fazem os ninhos nos sítios quentes”, disse. Mas não há qualquer alerta ou informação oficial sobre qualquer aumento do problema relatado pelas pessoas e autarquias.
O problema não se circunscreve ao concelho da Moita. O PÚBLICO tem conhecimento de situações idênticas nos concelhos de Palmela e Setúbal, com queixas de munícipes e relatos em reuniões de câmara.

Em Palmela, a questão foi suscitada pela oposição, numa reunião recente do executivo municipal. Segundo o vereador António Braz (PS), este ano as baratas estão a afectar mais as populações, sobretudo na localidade de Aires, freguesia de Palmela.

O presidente da câmara, Álvaro Amaro (CDU), confirmou ter conhecimento da situação e garantiu que a autarquia está atenta e a tomar as medidas necessárias.

No concelho de Setúbal, as queixas conhecidas apontam para Brejos de Azeitão como uma das zonas afectadas. Uma moradora, que já fez uma carta aberta à Câmara Municipal de Setúbal e à Junta de Freguesia de Azeitão, acusa as autarquias de não estarem a dar o “devido valor” ao problema.

“Logo que o sol se põe, as baratas saem às dezenas das sarjetas e nós, moradores, temos que nos resguardar nas nossas casas e privamo-nos de usufruir do espaço exterior que temos, pois estes insectos invadem os nossos jardins, garagens e entram nas nossas casas”, diz Ana Maria, residente em Brejos de Azeitão.

No Montijo, a situação tem sido motivo de brincadeiras nas redes sociais com algumas pessoas a compararem as baratas a pokemons. Anselmo Nogueira, morador na cidade, colocou fotografias de alguns espécimes que “caçou” no Corte Esteval, e outros munícipes têm manifestado também o seu incómodo. Um internauta escreve que os montijenses encontram “estes pokemons fora das aplicações virtuais, a passearem pela rua ou pelas varandas das suas casas”.

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