Roubo de dezenas de milhões em bitcoins faz divisa desvalorizar-se

Este não é o primeiro incidente sofrido pela moeda digital. A empresa de transacções afectada tem sede em Hong Kong e está a trabalhar com as autoridades.

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O ataque resultou no desaparecimento de mais de 119 mil moedas virtuais JIM URQUHART/Reuters

O roubo de dezenas de milhões de euros em bitcoins aos utilizadores de um popular serviço de compra e venda da divisa digital voltou a minar a confiança na moeda e levou a uma desvalorização abrupta face ao dólar.

A Bitfinex, uma empresa com sede em Hong Kong, anunciou uma intrusão nos seus sistemas e reconheceu que alguns utilizadores perderam dinheiro. Todas as transacções geridas pela Bitfinex foram suspensas, incluindo os serviços que não estavam relacionados com as bitcoins.

 “Estamos a investigar a intrusão para determinar o que se passou, mas sabemos que foram roubadas as bitcoins a alguns dos nossos utilizadores”, lê-se numa mensagem no site da empresa, que é uma das grandes bolsas de bitcoins a nível mundial. Um director da empresa informou mais tarde, no popular fórum online Reddit, que o número de bitcoins roubadas ascende a 119.756. A empresa adiantou também que já apresentou queixa e está a trabalhar com as autoridades.

Ao câmbio desta terça-feira (segundo os dados da Bolsa de Nova Iorque, que publica o valor diariamente), aquele montante vale cerca de 72 milhões de dólares (64 milhões de euros), a um preço de aproximadamente 604 dólares por bitcoin. O site Coindesk, que também publica valores de câmbio da bitcoin, informou que a divisa chegou a desvalorizar-se 20% após a notícia da Bitfinex. A tendência dos últimos dias já era de queda.

O roubo faz emergir novamente o problema de segurança nas bitcoins e traz à memória dos utilizadores o caso do MtGox, uma bolsa de bitcoins japonesa da qual foram roubadas 850 mil bitcoins, levando a empresa a um processo de liquidação e deixando muitos utilizadores sem o dinheiro que tinham gasto a comprar a divisa.

A bitcoin é uma moeda digital cujo valor disparou nos últimos anos, apesar de continuar a ter enormes oscilações. É aceite por vários serviços online e mesmo em algumas lojas físicas, e também é conhecida por ser usada em transacções ilegais. Mas, apesar de ter uma grande comunidade de entusiastas, não se massificou como forma de pagamento.

Contrariamente ao que acontece com o dinheiro emitido por bancos centrais, as bitcoins são finitas e as emissões são feitas periodicamente, de forma automática, numa rede informática. As bitcoins são atribuídas aos computadores que foram mais rápidos a resolver uma espécie de problema matemático – a ideia é recompensar a aplicação de recursos (poder de computação, electricidade) em tarefas que contribuem para a manutenção do próprio sistema. Este sistema assenta numa rede de computadores a que qualquer pessoa se pode ligar e na qual os proprietários dos fundos, bem como o historial de transacções, são registados.

No ano passado, foi divulgado na imprensa que o criador das bitcoins – o autor de um artigo em que o funcionamento do sistema é descrito e que foi publicado sob o pseudónimo Satoshi Nakamoto – é um empresário australiano chamado Craig Wright. Wright viria a confirmar a notícia, mas subsistem dúvidas sobre a veracidade da história.

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