“Povo português não paga à GNR para show-offs”, acusa presidente da ASPIG

O desfile de forças em parada implicou gastos em gasóleo e recurso a viaturas e efectivos retirados da sua função de intervenção e vigilância, acusa associação

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GNR identificou suspeitos da agressão, mas entregou o caso à PJ. Foto: Carla Carvalho Tomás

Os meios envolvidos, em homens e equipamentos, no desfile comemorativo do 7.º aniversário do Comando Territorial da GNR de Beja, realizado nesta segunda-feira em Serpa, mereceram fortes críticas de José Alho, presidente da Associação Socio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG), que aponta o dedo ao que chama "despesismo".

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O dirigente associativo referiu ao PÚBLICO que o desfile de forças em parada com a presença de um general envolveu grupos corais da GNR e de Serpa, um quarteto de cordas e deslocaram-se “forças motorizadas de vários sítios” até à cidade alentejana da margem esquerda do Guadiana. A deslocação de meios, prossegue José Alho, implicou “gastos em gasóleo, o recurso a viaturas e a retirada de efectivos da sua função de vigilância e intervenção” noutros locais.<_o3a_p>

O presidente da ASPIG faz um paralelismo entre os gastos efectuados pelo comando da GNR de Beja e a falta de meios na região. “Na margem esquerda do Guadiana, só três localidades é que têm postos da guarda abertos 24 horas: Moura, Barrancos e Serpa e havia apenas dois jipes para toda a zona.”

O “despesismo” do Comando Territorial de Beja da GNR nas comemorações do 7.º aniversário desta unidade de comando justifica o reparo de José Alho: “O povo português paga à GNR para ter segurança e não para exibicionismos e show-offs.”

Os encargos assumidos com as comemorações deveriam ter outra aplicação, advoga o presidente da ASPIG. “O dinheiro que gastam em festas devia ser encaminhado para a manutenção ou aquisição de viaturas, computadores, papel e outros produtos de primeira necessidade para a guarda.”  <_o3a_p>

José Alho considera que este tipo de actuação é ainda mais criticável quando se sabe que  Comando Geral da Guarda Nacional Republicana “definiu orientações para que as unidades da GNR tomem todas as medidas que permitam a contenção de despesa”. Daí a ASPIG assumir a sua dificuldade em compreender “a decisão do Comando Territorial de Beja”.<_o3a_p>

A ASPIG classifica a última reestruturação orgânica da GNR “um erro crasso”, que veio a contribuir para um aumento de comandos territoriais, com “orgânicas pesadas”, que se reflectem em maior despesa de funcionamento relativamente à estrutura orgânica anterior. José Alho adianta que as anteriores seis brigadas que estruturavam a GNR a nível nacional deram lugar, com a reestruturação efectuada há sete anos, a 28 unidades de comando.<_o3a_p>

Antes “apenas se comemorava o dia da unidade dentro de cada uma das seis unidades, agora realizam-se festas nos 28 comandos de unidade”, compara José Alho.   <_o3a_p>

O desfile realizado na segunda-feira em Serpa foi organizado pelo Comando Territorial de Beja da GNR e a Câmara de Serpa. <_o3a_p>

O comandante territorial de Beja da GNR, instado pelo PÚBLICO a comentar as declarações do presidente da ASPIG, disse que as comemorações do 7.º aniversário da unidade de comando de Beja “tiveram autorização superior” e que as actuações dos grupos corais e do quarteto de cordas foram pro bono.

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