Director do DCIAP não garante acusação a Sócrates até 15 de Setembro

“Vamos ver”, disse Amadeu Guerra, em entrevista à SIC.

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Amadeu Guerra Enric Vives-Rubio

A data de 15 de Setembro foi o prazo-limite fixado pela Procuradoria-Geral da República para ser emitido o despacho de acusação a José Sócrates no âmbito da Operação Marquês, mas o director do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) não garante que o prazo seja mesmo cumprido.

“Vamos ver. Vamos aguardar até 15 de Setembro. Ainda falta algum tempo”, disse Amadeu Guerra, numa entrevista à SIC. “A data está fixada. Ninguém mais do que nós pretende dar o despacho final neste processo.”

Esta declaração já mereceu críticas de João Araújo, um dos advogados de José Sócrates, que participou num debate sobre a Operação Marquês na SIC Notícias na noite desta quarta-feira e levou já o ex-primeiro-ministro a agendar uma conferência de imprensa para as 10h30 desta quinta-feira.

Na entrevista à SIC, Amadeu Guerra recusou responder às acusações de que os investigadores têm sido alvo por parte de José Sócrates e dos seus advogados, mas contestou a ideia de que não haja indícios contra o ex-primeiro-ministro. “Os resultados dos tribunais superiores falam por si”, disse o líder do DCIAP, referindo-se a juízes que “confirmam a existência de indícios”.

Amadeu Guerra mostrou-se “tranquilo” com o trabalho que está a ser efectuado pelo Ministério Público, mas admitiu que este caso é uma prova de fogo.

Na entrevista à SIC, o líder do DCIAP referiu-se ainda à figura das “delações premiadas” usadas pela justiça brasileira. “O Lava-Jato tem delações premiadas que são muito úteis”, disse Amadeu Guerra sobre os benefícios que no Brasil são dados a quem colaborar na investigação a crimes.

O uso desta figura não existe em Portugal – “é uma questão do poder político”, disse Amadeu Guerra –, admitindo, porém, que “obviamente facilitam a investigação”.

José Sócrates foi detido a 21 de Novembro de 2014, no aeroporto de Lisboa, indiciado pelos crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção passiva para acto ilícito.

Entre os arguidos no processo da Operação Marquês estão, além de Sócrates, a sua ex-mulher Sofia Fava, o ex-administrador da CGD e antigo ministro socialista Armando Vara e a sua filha Bárbara Vara, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista do ex-líder do PS, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Inês do Rosário, mulher de Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro.

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