Mercado 31 de Janeiro vai ter Loja do Cidadão e o de Arroios uma estufa

A câmara quer colocar os mercados "no centro da vida económica, social e cultural" de Lisboa. Para isso, vai apostar na instalação de "novos elementos âncora", que partilharão o espaço com os comerciantes tradicionais.

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A câmara está "a negociar" com o Governo a criação de uma Loja do Cidadão no Mercado 31 de Janeiro, no Saldanha Joana Freitas/Arquivo

A Câmara de Lisboa acredita que o futuro dos mercados da cidade, que vão ganhar uma identidade comum, passa pela instalação no seu interior de “novos elementos âncora”, capazes de “potencializar a renovação e integração” daquela que é a sua oferta tradicional. Exemplos disso são a criação prevista de uma Loja do Cidadão no Mercado 31 de Janeiro, de uma estufa hidropónica no de Arroios e de uma “incubadora de artes e produção” no de São Domingos de Benfica.

Estes foram alguns dos projectos anunciados pelo vereador com os pelouros das Estruturas de Proximidade e da Economia e Inovação esta quarta-feira, durante a apreciação em reunião camarária do Plano Municipal dos Mercados de Lisboa 2016-2020. O documento foi aprovado, com a abstenção do PCP, e será agora submetido a discussão pública por um período de 30 dias. 

Na ocasião, Duarte Cordeiro notou que aquilo que se pretende com este “documento estratégico, orientador” é colocar os mercados municipais “no centro da vida económica, social e cultural da cidade”. Para o autarca, a chave para se conseguir concretizar essa “visão” passa por se olhar para os mercados como “espaço de oportunidades”, em que “os novos negócios podem conviver com os comerciantes tradicionais”.

A criação de “uma marca-chapéu” para os mercados de Lisboa, a maioria dos quais é hoje gerida e mantida pelas juntas de freguesia, é uma das iniciativas que a câmara se prepara para concretizar. Duarte Cordeiro, que assumiu que a cidade espanhola de Barcelona foi a grande “referência” da autarquia, destacou também a aposta que vai ser feita (“a partir do quarto trimestre do ano”) na formação dos comerciantes.

O vice-presidente da câmara mencionou os casos dos mercados da Ribeira e de Campo de Ourique como “exemplos de muito sucesso”, que “revitalizaram as estruturas comerciais” respectivas. Ainda assim, o autarca fez questão de sublinhar que “o objectivo é encontrar um plano de desenvolvimento para cada mercado” e não replicar em todos eles a mesma solução.

Para o Mercado 31 de Janeiro, no Saldanha, o projecto que está a ser trabalhado passa pela instalação “no 1.º andar” de uma Loja do Cidadão. “Estamos a negociar com o Governo”, disse Duarte Cordeiro, acrescentando que prevê “para breve” a “assinatura do protocolo de entendimento” com vista à concretização desse fim. 

Já no Mercado de Arroios haverá uma “requalificação profunda da zona de mercado tradicional” e a criação de um projecto de hidroponia (em que os produtos são cultivados em água, sem terra) “na cobertura” do edifício. No do Lumiar a ideia é instalar um mercado de produtos de agricultura biológica.

Para Alvalade há dois projectos: o Mercado de Alvalade Norte vai ter o seu interior requalificado, surgindo “uma zona de degustação e um parque infantil interior”, enquanto o de Alvalade Sul (que é o único mercado de levante de Lisboa) vai ser objecto de obras.

No Mercado de Santos a ideia é concessionar uma área no seu interior a uma superfície comercial, que ficará com o encargo de reabilitar todo o espaço e instalar um quiosque. No do Bairro Alto, que “estava devoluto”, a câmara quer instalar um “mercado dos ofícios” e no de São Domingos de Benfica um “mercado da inovação”, com uma “incubadora de artes e produção”, uma “de novos negócios” e uma cozinha partilhada.

Por fim, o projecto para o Mercado de Santa Clara (que foi inaugurado em 1877 e é “o mais antigo da cidade”) passa, como explicou Duarte Cordeiro, pela criação de “um mercado expositivo das indústrias criativas da cidade”.

Pelo PCP, João Ferreira sublinhou a “necessidade de suster e inverter a tendência de degradação dos mercados municipais” e manifestou “agrado” com o plano da maioria. Ainda assim, o vereador não deixou de notar que ele estabelece “uma visão no mínimo ambiciosa”, que “para se concretizar carece de meios à altura”.

João Ferreira entende que, mais do que os mercados da Ribeira e de Campo de Ourique, aquele que deve ser apresentado como “exemplo de sucesso” é o de Benfica. O autarca aproveitou também para sublinhar a necessidade de se “desenvolver” a rede de mercados da cidade, criando novos equipamentos em zonas com “lacunas”, como a Alta de Lisboa.

No plano agora aprovado fala-se também na necessidade de “num futuro próximo” se criarem novas estruturas em pontos como o Parque das Nações, Telheiras ou Marvila, que são “zonas residenciais desprovidas de mercados”. “Trabalharemos sobre isto, assumidamente”, garantiu a esse respeito Duarte Cordeiro, que considerou no entanto que seria “excessivo” o município comprometer-se já com datas e localizações. O autarca admitiu também ser possível que alguns dos equipamentos existentes venham a ser “desactivados” se se verificar que não dão respostas às “necessidades locais”. 

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