O feminino do Neopop

A cena electrónica é dominada por homens, mas há cada vez mais mulheres a fazerem e a passarem música que merece ser ouvida. E alguns dos melhores nomes do Neopop são mulheres

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Maya Jane Coles (4 de Agosto, Neostage)

Poucos DJ têm a dimensão e o reconhecimento de Maya Jane Coles. Ela é capa de revistas e uma presença regular nas cabines dos melhores clubes da Europa e nas listas dos principais sites de electrónica. É uma produtora notável, que tanto se move por territórios house — quer seja mais deep ou mais tecnóide — como se atira ao dupstep, com o alter-ego Nocturnal Sunshine, e ao dub, com o duo She Is Danger. Apresenta-se no Neopop em nome próprio, mas o seu set vai reflectir todos estes interesses e projectos.

Nina Kraviz (4 de Agosto, Neostage)

É difícil falar de mulheres na electrónica, nos últimos dez anos, e não referir Nina Kraviz. Há muitos que a acusam de ser uma DJ sem grande talento que passou à frente da fila por ser bonita, mas isso é injusto. E misógino. Nina Kraviz é uma DJ e produtora de techno/house tão capaz e competente como qualquer homem, além de ser uma excelente curadora. Se não acreditam, ponham os ouvidos na sua editora, a ???? (lê-se “trip”).

Magda (4 de Agosto, Antistage)

Apesar de ter nascido na Polónia, Magda foi criada em Detroit, a cidade-berço do techno, e vive em Berlim, verdadeira meca do techno contemporâneo. Esse percurso ouve-se nos seus sets e produções, que aliam o minimalismo teutónico a uma vontade quase visceral de fazer mexer as ancas de quem a ouve. Foi essa maneira de estar que fez dela uma peça essencial da M_nus de Richie Hawtin e que continua a guiar o seu trabalho e a sua editora, a Items & Things, que fundou com Marc Houle e Troy Pearce em 2011.

Xosar (4 de Agosto, Antistage)

Sheela Rahman, mais conhecida como Xosar, cresceu a ouvir um pouco de tudo: house latino, freestyle, trance. E sobretudo techno de Detroit. Mas só teve coragem de se dedicar a sério à música com 20 e poucos anos, depois de ter estudado neuropsicologia e trabalhado como designer gráfica. Após uns quantos singles espantosos nas editoras L.I.E.S. e Rush Hour, bem como edições de autor, no ano passado lançou "Let Go", um magnífico álbum de techno/house ocultista com a chancela da Black Opal, o selo dedicado ao vinil da respeitável Opal Tapes.

Fatima Al Qadiri (6 de Agosto, Neostage)

A influência do grime sobre as produções de Fatima Al Qadiri sempre foi aparente, contudo nunca tinha sido tão óbvia como no álbum "Brute", editado este ano pela Hyperdub. Em muitas faixas, a sua electrónica vaporosa com ruído digital aproxima-se de um grime gélido, e os pontos de contacto temáticos e conceptuais com o género são claros: a violência policial, a repressão e progressivo esvaziamento do espaço público. Nunca como antes a sua música futurista tinha reflectido tão claramente o nosso tempo. É o momento certo para a ouvir. 

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