Auto-Estrada Lisboa-Algarve recebe postos de carregamento para carros eléctricos

Municípios algarvios assumem-se como “autoridade regional” de transportes. O financiamento do projecto pode implicar o pagamento de mais taxas autárquicas.

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Incentivo para carros eléctricos passa a 2250 euros Fernando Veludo/nfactos

Os primeiros quatro postos de carregamento rápido para viaturas eléctricas começaram a ser montados nesta segunda-feira na auto-estrada Lisboa-Algarve, em Palmela, Alcácer, Aljustrel e Loulé. A opção de começar a distribuição dos equipamentos pelos acessos ao sul tem um carácter “simbólico”, por ser a região mais procurada nesta altura do ano. O secretário de estado Adjunto do Ambiente, José Mestre, adiantou que as 50 máquinas que vão ser instaladas nas principais vias e cidades custaram 1,8 milhões de euros.

Nas duas últimas semanas, José Mendes tem percorrido o país para assinar com as autarquias e Comunidades Intermunicipais cartas de “compromisso” para descentralizar competências, em matéria de gestão de transportes. Nesta segunda-feira, foi a vez da Comunidade Intermunicipal do Algarve – Amal declarar a sua “disponibilidade total” para se assumir como Autoridade Regional da Mobilidade Urbana Sustentável. “ A região tem décadas de desarticulação - cada qual a falar por seu lado”, reconheceu o presidente da Amal, Jorge Botelho, destacando a importância desta iniciativa que junta cerca de três dezenas de entidades. O futuro plano de transportes, gerido pela Amal, pode implicar o pagamento de mais impostos, a serem lançados pelas autarquias. A lei, afirmou o secretário de Estado, “permite aplicar taxas” para financiar o projecto. Na fase inicial, o governo tem previsto um “financiamento transitório” para a contratação de técnicos. A eventual passagem para um fundo “definitivo”, afirmou, só terá lugar se as negociações para o Orçamento de Estado para 2017 forem bem sucedidas.

O governante colocou especial ênfase no uso do transporte eléctrico, recordando que as cidades são responsáveis, em 70 %, pela emissão de gases que provocam o efeito estufa. A descarbonização do Algarve, acrescentou Botelho, faz todo o sentido “mas não casa com a exploração de petróleo”, comentou. Já no que diz respeito à mobilidade ciclável, Portugal tem menos de 1% de utilizadores da bicicleta enquanto a média europeia anda pelos 7%. “Mais do que criar infra-estruturas, temos que mudar as mentalidades”, disse. A transferência de competências do Governo para as Comunidades Intermunicipais, na área da mobilidade sustentável, envolve um pacote financeiro de três milhões de euros. Porém, adiantou José Mendes, o Instituto de Mobilidade e Transportes (IMT) não vai ser extinto. “Não pode, nem deve sair de cena”, disse o governante, sublinhando o papel de “cooperação” que o instituto poderá desempenhar no apoio aos municípios. No caso do Algarve, o plano envolve, numa primeira fase, apenas os transportes intermunicipais rodoviários. Porém, na área dos transportes públicos, uma das grandes lacunas é a falta de entendimento entre a rodovia e a ferrovia para que haja uma verdadeira rede a nível regional. Por exemplo: Quem chega de comboio à estação da CP em Loulé/Quarteira, a única alternativa de deslocação para as cidades vizinhas é de táxi. Quem chega ao aeroporto e pretenda ir para a Vilamoura, de transporte público, arrisca-se a levar mais de duas horas para percorrer 15 quilómetros.

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