Açores
O que acontece quando o balão fica em terra?
É o vento que orienta os balões. Mas é também ele que pode decidir se hoje não é o melhor dia para voar. Algo que pode acontecer mais vezes do que se pensa. Aqui, espreitamos o Festival Rubis Balões Ar Quente, na ilha de São Miguel, nos Açores.
O dia de trabalho ainda nem começou para a maioria das pessoas e a caravana de carros e carrinhas volta à estrada, à procura de uma última hipótese. Para nós o dia tinha começado cedo, pelas 6 horas, no terreno onde habitualmente acontece a Feira de Gado de Santana, no concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel.
Durante o Festival Rubis Balões Ar Quente, é daqui que os balões habitualmente partem para os dois voos diários previstos no programa. Mas o vento nem sempre é o melhor aliado. A ironia lógica é a seguinte: se é o vento que guia os balões, é também ele que pode decidir se hoje não é o melhor dia para voar. A chuva também é um factor determinante. Mas a organização não desiste, procura uma alternativa. A caravana de carros e carrinhas inicia o seu percurso. “Vamos para as Caldeiras”, ouve-se.
Pelo menos para uns olhos leigos, o nevoeiro cerrado não surge como um bom presságio assim que lá chegamos. O director técnico do festival junta-se ao meteorologista e a eles juntam-se os pilotos. Conversam, lançam um balão pequeno ao ar e seguem-lhe o trajecto de cabeça apontada para o céu. As condições meteorológicas continuam a boicotar a descolagem dos balões. “Vamos tentar noutro terreno, na subida para a Lagoa do Fogo.”
A caravana volta à estrada. A esperança reaparece quando vemos pelo menos um piloto a preparar o seu balão. A olhá-lo de soslaio estão outros pilotos, talvez menos destemidos. Ou então mais experientes. As cabeças voltam a olhar para cima, enquanto um novo balão volta a perder-se no céu. “Com este vento, em cinco minutos estaríamos no mar”, diz-nos um piloto espanhol. À terceira é de vez. A organização cancela o voo desta manhã. Por esta hora, algumas pessoas devem estar a chegar ao trabalho. O dia ainda é longo e o próximo voo (ou tentativa de voo) está marcada para as 19 horas. Felizmente por todo o concelho da Ribeira Grande encontramos locais, esconderijos, percursos pedestres ou pessoas que fazem com que o dia passe a correr.
Até regressarmos à base, para tentar finalmente levantar voo.