A que soa o mundo em 47 passos

São 47 concertos que percorrem todo o mundo entre 22 e 30 de Julho. O FMM continua a mostrar os sons do planeta numa altura em que, talvez mais do que nunca, há que escutar o outro.

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Juana Molina FOTO: Marcelo Setton
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Graveola e o Lixo Polifônico FOTO: Henrique Bocelli
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Bnegão & Seletores de Frequência FOTO: Leco de Souza
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Karyna Gomes FOTO: Kinga Jarzyna
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Jenifer Solidade & Carlos Martins FOTO: Carlos Martins
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Vardan Hovanissian & Emre Gültekin FOTO: Jan Locus
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Criatura FOTO: DR
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Filho da Mãe FOTO: Renato Cruz Santos
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Jibóia FOTO: DR
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Norberto Lobo FOTO: Vera Marmelo
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Retimbrar FOTO: DR
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Mbongwana Star FOTO: DR
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Bixiga 70 FOTO: DR
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The Comet Is Coming FOTO: DR
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Bitori FOTO: DR
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Los pirañas FOTO: DR
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Konono nº1 com Batida FOTO: Vera Marmelo
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Fumaça Preta FOTO: DR
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Bachar Mar-Khalifé FOTO: Lee Jeffries
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Billy Bragg FOTO: Andy Whale
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Pat Thomas FOTO: DR

Talvez nunca tenha sido tão premente a ideia do Festival Músicas do Mundo (FMM). Nascido em 1999, por iniciativa da Câmara Municipal de Sines, e dando resposta ao crescente interesse gerado pelas músicas de todas as geografias que na segunda metade da década de 90 criaram o circuito da dita world music, o FMM apresentava-se então com sete concertos. Os portugueses Corvos, Clã, Opus Ensemble e Quinteto de Carlos Martins, a que se juntavam a a espanhola Carlos Nuñez Band, o sírio Abed Azrié e o norte-americano Sonny Fortune testavam então, ainda timidamente, a disponibilidade do público para ser confrontado com músicas menos frequentes em grandes palcos de festivais.

Dos sete mil espectadores dessa primeira edição, o FMM dava um pulo, em 2003, com a presença dos jamaicanos The Skatalites a atrair 20 mil pessoas. Nos anos mais recentes, em que aparece de forma sistemática indicado como um dos mais importantes festivais de world music  a uma escala global, os números rondam os 90 a 100 mil espectadores. Mas se o boom desse circuito ajudou a sustentar o aparecimento e o crescimento do FMM, o interesse pelas músicas do mundo funcionou também como reverso da medalha da galopante globalização em curso. Ao esbaterem-se as distâncias, o planeta tornava-se mais próximo, ao mesmo tempo que as identidades locais se tornavam factores mais acirrados de distinção e de necessidade de pertença.

Em 2016, por outro lado, com o noticiário internacional dominado de forma tão drástica por atentados, conflitos, subjugações de umas nações pelas outras, crise de refugiados, chauvinismo em crescimento e uma generalizada desconfiança em relação a todos quanto não se parecem com a imagem do espelho, talvez nunca tenha sido tão premente esta ideia de FMM em que, entre 22 e 30 de Julho, em Sines e Porto Covo, o mundo se mostra em toda a sua maravilhosa diversidade e complexidade num programa composto por 47 concertos.

O arranque, como vem sendo habitual, faz-se no centro de Porto Covo, com uma dose tripla de actuações diárias sexta, sábado e domingo. Neste primeiro momento do FMM, destaque para a presença do colectivo inglês The Unthanks, mas também para o regresso da argentina Juana Molina (ela que por aqui passara há cinco anos com o projecto Congotronics vs. Rockers), para os dois grupos brasileiros Graveola e o Lixo Polifônico e Bnegão & Seletores de Frequência, e as cantoras africanas Karyna Gomes e Jenifer Solidade (neste caso, com a companhia do grupo do saxofonista português Carlos Martins).

Segunda e terça, a acção passa para Sines, para o Centro de Artes e o Largo Bocage, por onde passarão os improvisadores noruegueses 1982 ou o duo de encontro entre as culturas arménia e turca Vardan Hovanissian & Emre Gültekin. Na passagem para as noites fortes do Castelo, entre27 e 30 de Julho, uma comitiva portuguesa de peso formada por Criatura, Retimbrar, Filho da Mãe, Norberto Lobo ou Jibóia, e os obrigatórios Mbongwana Star (R. D. Congo), Bixiga 70 (Brasil), The Comet Is Coming (Reino Unido), Bitori (Cabo Verde), Los Pirañas (Colômbia), Konono nº1 com Batida (Congo / Angola), Fumaça Preta (Portugal / Reino Unido), Bachar Mar-Khalifé (Líbano / França), Billy Bragg (Reino Unido) e Pat Thomas (Gana).

Como sempre, é partir com os ouvidos bem abertos e disponíveis para tudo quanto se possa encontrar por estes dias.


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