Froome continua a dominar o Tour. Quintana desilude

Etapa 17 da Volta a França terminou com chegada em alto, nos Alpes.

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Froome cada vez "mais de amarelo" KENZO TRIBOUILLARD/AFP

Chris Froome (Sky) deixou os principais rivais para trás, na subida aos Alpes, e poderá ter sentenciado a vitória na Volta a França. Nairo Quintana (Movistar) foi o grande derrotado do dia, depois de ceder aos ataques de Froome e de perder tempo para quase todos os rivais. Apenas Richie Porte (BMC) conseguiu acompanhar o ataque do britânico e mostrou que é o único a conseguir ombrear com o camisola amarela.

Froome e Porte chegaram a oito minutos de Ilnur Zakarin (Katusha), que venceu a etapa, depois de estar integrado na fuga do dia. Foi a primeira vitória de Zakarin na Volta a França, tornando-se o sexto russo a vencer na prova francesa. Jarlinson Pantano (IAM) chegou no segundo lugar, com Rafal Majka (Tinkoff) a fechar o pódio. 

Na classificação geral, não houve mudanças significativas. Bauke Mollema (Trek), apesar de ter "descolado" do grupo dos favoritos, mantém o segundo lugar, a 2m27s de Froome. Adam Yates (Orica) aproximou-se de Mollema e é terceiro, a 2m53s do camisola amarela. Nairo Quintana parece arredado da luta pela vitória e já é quarto, a 3m27s (até o pódio parece estar complicado para o colombiano). 

"Não é uma surpresa", disse Zakarin, o vencedor do dia. "Dei o meu melhor e estou muito contente, neste momento. Este resultado não é uma surpresa para mim, eu já tinha tentado na primeira semana", assumiu o russo, que agradeceu aos seus colegas na Katusha: "Obrigado aos meus companheiros, que foram magníficos"

O líder da classificação geral falou, após a etapa, e disse que não foi um dia fácil. "Estou feliz. Foi uma etapa difícil, após o dia de descanso", reconheceu Froome, antes de dar uma "bicada" a Quintana: "Ele tentou uma vez, mas talvez não tenha pernas como no ano passado".

A etapa 17 da Volta a França prometia ser o “agora ou nunca” para quem quisesse “roubar” a vitória final a Chris Froome. Depois de um dia de descanso, a penúltima chegada em alto do Tour trouxe duas contagens de montanha nos últimos 30 quilómetros. Algumas publicações especializadas em ciclismo classificaram o final da etapa 17 como “brutal”, “mortífero” e “sanguinário”. Passe o exagero dos adjectivos, a realidade é que a subida final, uma contagem de categoria especial, apresentou uma inclinação média de 8,4% e chegou a ter zonas com 15%, isto depois de os ciclistas passarem por uma contagem de primeira categoria com 13 quilómetros a 8% de inclinação. Um dado interessante dava esperança aos adversários de Chris Froome: Em 2014, no Critérium du Dauphiné, o britânico perdeu a amarela para Contador, precisamente na subida a Finhaut-Emosson. Estava dado o mote. Já o colombiano Nairo Quintana, no Dia Nacional do seu país (festeja-se o Grito da Independência da Colômbia), pretendia dar uma alegria aos seus conterrâneos, certamente atentos ao desempenho do trepador na subida aos Alpes. Antes da etapa, José Luís Arrieta, director desportivo da Movistar, não enjeitou a hipótese de Quintana e Valverde atacarem nas subidas de hoje. “Claro que vamos atacar. Temos de o fazer, ou o Tour estará perdido”, garantiu Arrieta.

Depois do abandono de Cavendish e Rohan Dennis, 181 ciclistas saíram de Berna, capital da Suíça, com destino a Finhaut-Emosson, nos Alpes, perto da fronteira com a França. O início da etapa foi marcado por algumas tentativas de fuga, sempre anuladas. Apenas ao quilómetro 75 conseguiu juntar-se um grupo de 11 elementos na frente da corrida (com elementos como Sagan, Pantano, Majka ou Zakarin), um grupo intermédio (com Rui Costa, Alaphilippe ou Van Avermaet) e, já a quase três minutos do primeiro grupo, seguia o pelotão. Rafal Majka, vestido às “bolinhas” – distinção para o líder da classificação da montanha –, passou em primeiro nas duas contagens de terceira categoria que marcaram o início da etapa. Crescia a vantagem da fuga e, no Col des Mosses, a cerca de 80 quilómetros do final, a vantagem dos fugitivos já era de 11 minutos.

A 30 quilómetros da meta, momento em que os fugitivos iniciaram a penúltima subida do dia (já depois de Sagan, sem surpresa, ter arrebatado os 20 pontos do sprint intermédio), o grupo da frente era composto por 14 elementos, seguido de um grupo de três ciclistas, a cerca de quatro minutos, e do pelotão, a quase 13 minutos. Nesta fase da etapa, o pelotão da Volta a França estava mais de 20 minutos adiantado relativamente à previsão da organização, graças ao vento pelas costas que “dava um empurrão” aos ciclistas. Também na última subida estava previsto o surgimento de vento traseiro.

Já sem Sagan no grupo da frente, atacou Tony Galoppin, seguido de Lutskenko, com o cazaque a conseguir isolar-se, mas apenas durante alguns quilómetros. Na chegada à contagem de primeira categoria, a 18 quilómetros do final, o primeiro a passar foi Rafal Majka, cimentando a liderança da classificação do “rei da montanha”. Mais atrás, no pelotão, Nibali surgia na frente do grupo, impondo um ritmo forte, juntamente com o “exército” da Sky, que ainda tinha quatro ciclistas junto de Froome.

Na descida, após o topo do Col de la Forclaz, Majka e Pantano atacaram, iniciando a última subida do dia na frente da corrida. Zakarin juntar-se-ia aos dois trepadores, deixando Pantano e Majka para trás, a cerca de 6 quilómetros do fim. No pelotão, o trabalho da Astana reduzia o grupo a cerca de 20 ciclistas. As declarações do director desportivo da Movistar, quando prometeu ataques por parte dos seus ciclistas, revelaram-se metade certas. Alejandro Valverde até foi o primeiro a atacar no grupo dos favoritos, mas Quintana não teve forças para o fazer. Valverde testou os rivais, a seis quilómetros do fim, mas seria o ataque de Richie Porte a fazer moça no grupo, antes de Froome atacar e se juntar ao australiano. Cedeu Quintana, cedeu Yates, cedeu Aru e já tinha cedido Mollema.

Enquanto Froome e Porte deixavam os rivais para trás, Ilnur Zakarin cortava a meta, isolado, seguido de Pantano e Majka. Depois de Froome ter cimentado a camisola amarela e de Sagan ter feito o mesmo na verde, o polaco Rafal Majka parece ter “arrumado” a questão da camisola da montanha. De resto, Froome já assumiu mesmo que "é preciso que aconteça algo verdadeiramente grave para perder este Tour". 

Quanto aos portugueses, Nélson Oliveira chegou a 30m26s de Zakarin e subiu a 83.º na geral. Rui Costa, que chegou a fazer parte da fuga do dia, chegou a 39m51s do primeiro classificado e desceu ao 70.º lugar na classificação gera.

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