“A CPLP é um projecto bem sucedido”, diz Marcelo

Secretário-executivo diz que a organização não pode ficar refém da nostalgia da língua portuguesa.

Fotogaleria
DR
Fotogaleria
DR
Fotogaleria
DR

“A CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa] é um projecto bem-sucedido”, disse esta segunda-feira o Presidente da República na cerimónia comemorativa do 20.º aniversário da organização.

“A CPLP é um projecto bem-sucedido, é um projecto com sucesso, há insatisfações, angústias, expectativas não cumpridas”, admitiu Marcelo Rebelo de Sousa numa curta intervenção no final da sessão, na sede da organização, em Lisboa. No entanto, destacou que os três objectivos fundadores se mantiveram, da concertação político-diplomática à cooperação, passando pela promoção da língua portuguesa.

A permanência destes objectivos, a par de outros que o Presidente também enumerou – cooperação económica-empresarial e ao nível da energia, oceanos e plataforma marítima, ambiente e segurança alimentar –, é prova da validade da iniciativa formalmente iniciada há 20 anos.

“A CPLP é um projecto bem-sucedido, mas é um projecto de futuro”, insistiu Marcelo. Como exemplo referiu que a organização “tem merecido o interesse crescente de países terceiros de todo o mundo”, referindo-se aos que já pediram acesso ao estatuto de observador associado.

“Podemos e devemos acreditar no futuro da CPLP, na sua vocação universal”, repetiu o Presidente da República. “Todos percebem dentro da Comunidade que, quando essa comunidade é desejada por países terceiros, é um sinal de que está viva e é politicamente importante”, destacou.

“Aquilo que nos une é mais significativo do que aquilo que nos possa dividir (…), não há nenhum Estado-membro que possa prescindir de considerar a Comunidade como uma peça-chave da sua estratégia a nível nacional, por poderoso que seja”, insistiu.

O futuro desta Comunidade foi o eixo principal da intervenção do diplomata moçambicano Murade Muragy, secretário-executivo da CPLP. Defendeu uma nova visão estratégica para a organização, a mesma que já foi trabalhada em reuniões ministeriais e que será, finalmente, aprovada em Novembro, na cimeira de chefes de Estado e de Governo que decorrerá no Brasil.

Um trabalho para uma agenda comum, sintetizou Muragy, “crucial à identificação de áreas prioritárias de intervenção, a adequação dos recursos humanos, técnicos e financeiros para a CPLP ser mais útil, mais eficiente e mais eficaz.”

“A CPLP não poderá ficar alheia às tendências estratégicas mundiais, regionais e sub-regionais que caminham para aceleradas integrações políticas e económicas”, observou. “A CPLP não deve ficar refém da nostalgia da Língua Portuguesa e deixar de aproveitar as oportunidades que o mundo multipolar contemporâneo nos oferece, tanto em conexões como em oportunidades de criar cadeias de valor”, concluiu.

Presidente da República de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, em mensagem enviada a Lisboa, realçou outro aspecto: “De África, da Ásia, Europa e América superámos a nossa descontinuidade geográfica e consolidámo-nos como uma Organização para novos patamares”. Assim, Nysui uniu a caminhada de 20 anos a novos desafios que, na curta missiva, não especificou.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários