O princípio do fim é uma esplanada de arame farpado

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A esplanada de um popular bar da Baixa do Porto parece vedada: há postes que erguem rede, arame farpado nas extremidades. Quem passa não percebe imediatamente que se trata de uma instalação de Miguel Januário (ou ±MAISMENOS±), inserida na programação do congresso Keep It Simples, Make It Fast (KISMIF). A esplanada, de configuração triangular, tem agora barreiras, uma espécie de fronteira com um “factor choque”. “A ideia é confrontar as pessoas com os territórios e as suas fronteiras, os espaços indivisíveis e divisíveis”, explica Miguel Januário ao P3. A rede e o arame farpado — que lembram vedações, por exemplo, de campos de refugiados — “questionam a Europa de hoje e os valores que parecem estar tão garantidos mas que, na verdade, não estão”. “O Princípio do Fim” é o nome da instalação e também da exposição patente bem perto do Aduela Bar, no Palacete Viscondes de Balsemão, à praça de Carlos Alberto. Januário quis emprestar o conceito da mostra — que já esteve patente em Lisboa, na galeria Underdogs, no ano passado — ao espaço público e, por isso, desafiou os proprietários do bar. O resultado é um confronto das pessoas que bebem um copo ou conversam na esplanada com a perda momentânea da liberdade. O “erguer da fronteira” foi pensado para “criar desconforto” e estimular a discussão sobre “os tais valores europeus e a sociedade actual”. “O Princípio do Fim” pode ser visitada no Palacete Viscondes de Balsemão e no Aduela Bar até 7 de Agosto. AMH