Marcelo lamenta visita mais curta de Hollande e deseja “paz e estabilidade” para a Turquia
O Presidente da República prestou hoje "a mais sentida e comovida homenagem" aos três aviadores mortos no acidente com um C-130, no Montijo, na inauguração do monumento do centenário do primeiro voo militar, em Vila Nova da Rainha.
O Presidente da República português lamentou este domingo o encurtamento da visita do seu homólogo francês, François Hollande, a Portugal, na terça-feira, adiantando que várias iniciativas foram canceladas, o que considerou compreensível devido ao atentado de Nice.
"Infelizmente, por causa daquela tragédia, tivemos de encurtar a presença em Portugal do Presidente da República Francesa, que terá as reuniões com o Presidente da República e, depois, com o primeiro-ministro, mas estará um número de horas muito inferior ao que estava pensado, o que se compreende por força das cerimónias fúnebres em França e da situação vivida naquele país amigo", disse Marcelo Rebelo de Sousa sobre a vinda de François Hollande.
À margem da inauguração do monumento do centenário da aviação militar portuguesa, em Vila Nova da Rainha, Azambuja, o Presidente da República esclareceu que "os eventos festivos foram todos anulados, nomeadamente encontros com a comunidade francesa, um jantar, a presença de alunos do Liceu Francês, tudo isso foi cancelado para observar o luto próprio da situação".
Nessa mesma ocasião, Marcelo Rebelo de Sousa desejou também a vitória da "paz, estabilidade, unidade" na Turquia, na sequência da tentativa de golpe de Estado, defendendo o primado do Estado de Direito democrático e direitos fundamentais.
"O Ministro dos Negócios Estrangeiros já referiu a posição portuguesa e a posição do Presidente é a de esperar que vença a causa da paz, estabilidade, unidade e do respeito pelos princípios do Estado de Direito democrático e dos direitos fundamentais das pessoas", disse Marcelo Rebelo de Sousa, à margem da inauguração do monumento do centenário da aviação militar portuguesa, em Vila Nova da Rainha, Azambuja.
A Turquia foi alvo de uma tentativa de golpe de Estado na sexta-feira à noite, mas o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, já afirmou que a situação no país "está completamente sob controlo".
"Felizmente, não temos notícia de portugueses envolvidos, a qualquer título, no sentido de atingidos. Acompanhamos a situação, esperando que - sendo um país membro da Aliança Atlântica e parceiro da União Europeia, importante em termos geopolíticos, económicos e estratégicos - seja uma evolução serena, calma", continuou o Chefe de Estado português.
Homenagem aos aviadores
Sob sol tórrido, na lezíria ribatejana, Marcelo Rebelo de Sousa recebeu a habitual e também calorosa recepção por parte de cerca de duas centenas de populares e convidados para a cerimónia, perto do local das antigas instalações da Escola Aeronáutica Militar.
"Prestamos a mais sentida e comovida homenagem aos três militares da Força Aérea que, no dia 11 de Julho, partiram ao serviço da pátria, demonstrando serem capazes de uma coragem singular, espírito de sacrifício, uma nobreza própria dos homens que fazem de nós a pátria que somos", afirmou o chefe de Estado, num discurso que se seguiu aos do chefe do Estado-Maior da Força Aérea e do presidente da Câmara Municipal da Azambuja.
O Presidente da República vai visitar segunda-feira a Base Aérea n.º 6, Montijo, e voará num avião C-130H para demonstrar a confiança na Força Aérea e naquele tipo de aeronave.
Rebelo de Sousa citou o nome do "aventureiro" tenente Santos Leite, protagonista do referido voo inaugural da aviação militar portuguesa, em 17 de Julho de 1916, bem como de outros heróis lusos como Bartolomeu de Gusmão, Sacadura Cabral e Gago Coutinho, frisando que Portugal sempre "acolheu as máquinas voadoras".
Depois da bênção católica ao monumento - um avião-caça em posição de voo "de faca" e pormenores de calçada portuguesa e referências ao mar -, o descerrar da placa e as intervenções formais, o mais alto magistrado da nação desceu da tribuna e ocupou-se de atender aos pedidos de beijos, abraços e selfies.
"Eu queria um beijinho, mas estou toda suada, meu Presidente. Tiramos antes uma foto", pediu-lhe uma das cidadãs sexagenárias. Os "afectos" estenderam-se a todos quantos quiseram tocar-lhe, apesar da escolta do corpo de segurança, antes da caminhada acelerada até ao único edifício da antiga escola de aviação que ainda sobrevive, junto à estação ferroviária.
No discurso, Marcelo Rebelo de Sousa aproveitara para elogiar a "unidade e coesão da Força Aérea ao serviço de Portugal" e o próprio monumento inaugurado, que "vai engrandecer o património cultural da freguesia e da autarquia".