A marca abrasiva dos Killimanjaro

Apesar de os videoclipes serem atualmente ainda mais essenciais na divulgação da música (e mesmo da sua audição, é um facto), para uma banda independente não é fácil custeá-los. Paradoxalmente, os custos de produção vídeo baixaram imenso, mas as receitas musicais também ou mais. Logo, na era digital, a apropriação das imagens do passado é um recurso acessível e barato para “brincar”/editar com música. Porém, a banalidade dos resultados tem contrariado o propósito: surpreender para ultrapassar as montanhas de informação das redes. Daí que a edição vídeo de André Mendes e Diogo Lima para o tema “Hurry, Bury” do trio barcelense Killimanjaro (do recente EP “Shroud”, editado pela Lovers & Lollypops) seja o primeiro nesse estilo a ser aqui destacado. Isto por um simples aspeto diferenciador da prática referida: as imagens, e grafismos vários, apresentam um tratamento cromático unificador, mas, sobretudo, uma marca ardente e mística para este rock metalúrgico e abrasivo. Um simples toque, uma diferença considerável, que se pode comparar com outro exemplo que nos fizeram também chegar esta semana à nossa plataforma.

 

Texto escrito segundo o novo Acordo Ortográfico, a pedido do autor.