Sociais-democratas ligados à distrital do PSD-Porto, que está em vésperas de eleições, consideram “excessiva” e “precipitada” a forma como a concelhia do partido reagiu ao convite que o presidente da Câmara do Porto fez ao vereador independente Ricardo Valente, eleito nas listas do PSD, para assumir o pelouro da Economia.

O tom usado pela concelhia “fechou a porta a qualquer entendimento com Rui Moreira. Foi uma precipitação completa e denuncia algum desnorte e falta de liderança que o PSD atravessa”, declarou ao PÚBLICO fonte social-democrata, lamentando que o partido no Porto não tenha uma linha de orientação.

“Estamos a meio de um processo eleitoral e deveria haver bom senso por parte da concelhia, que optou por uma atitude exagerada”, afirma um dirigente do PSD.

O vice-presidente da distrital do Porto, Firmino Pereira, é uma voz dissonante e apoia de forma inequívoca a posição da concelhia, considerando que houve “deslealdade” da parte de Ricardo Valente, que integrou a lista da coligação Porto Forte, liderada por Luís Filipe Menezes.

 “A distribuição de pelouros a um ano de eleições autárquicas a um vereador eleito pelo PSD é uma tentativa de dividir o partido e de criar uma confusão na opinião pública, no sentido de dizer que, de facto, Rui Moreira até distribuiu pelouros a vereadores do PSD”, afirma o vice-presidente, vincando que o que aconteceu “não deve condicionar a estratégia futura do partido que passa por apresentar uma candidatura alternativa à do actual presidente”.

Em declarações ao PÚBLICO nesta quinta-feira, Miguel Seabra considerou “injustas” as críticas internas e comparou Rui Moreira aos clubes de futebol que por esta altura refazem o plantel. “O presidente da Câmara do Porto, que já foi comentador, também achou que devia comprar um jogador”, disse o líder concelhio. “Rui Moreira tem um acordo com o PS e isso aborrece a sua base eleitoral e, de vez em quando, precisa de fazer estes números para não ser conotado com o PS,” refere, acrescentando: “Com estas jogadas tenta iludir as pessoas, porque toda a gente acha que quem manda na câmara é o PS”.