Nepal: a devastação sísmica pela lente de Carlos Brum Melo

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Eles não procuraram o Nepal, mas sentiram que o Nepal os procurou. Foi por pouco que Carlos Brum Melo e Ana Catarina Silva escaparam ao violento sismo que abalou Gorkha, no dia 25 de Abril de 2015. A sua chegada a Katmandu estava prevista para o dia 12 de Maio. Colocavam-se então a questão: deveriam manter o seu plano de viagem ou simplesmente alterar o plano inicial ou cancelá-lo? "Nessa altura, ousamos não fugir ao Nepal, e abraçamo-lo com toda a intensidade que merecia", disse o fotógrafo açoriano em entrevista ao P3. O cenário com que se depararam era de destruição. "A extensão dos danos era total (ou quase) nas zonas rurais e nas infraestruturas seculares, e parcial, nas zonas urbanas e infraestruturas mais recentes", descreve Brum Melo. "Em Katmandu observava-se uma cidade fragilizada, estruturalmente e economicamente - por força da “fuga” dos turistas -, mas procurando retomar a sua normalidade. Nas zonas periféricas e rurais, a vida sempre foi difícil, pelo que já existe um incómodo hábito de enfrentar dificuldades." À passagem pelas várias cidades e aldeias nepalesas, Carlos e Ana Catarina foram abraçados e acolhidos pelas populações locais, mesmo em tempo de enormes desafios logísticos e financeiros. "Mesmo apenas tendo provisões para um mês, fizeram questão de nos oferecer um pouco do que tinham", sublinharam. Lá distribuiram roupa e material desportido e reuniram com a Coordenação da Assistência Humanitária da ONU. "O nosso contributo acabou por ser incomparável com o que recebemos. Desde então, reforçou-se a humanidade em nós, e o desejo de intervir localmente, como forma de contribuir para uma mudança global." Assim fizeram e assim nasceu a campanha de angariação de fundos "Açores pelo Nepal", criada por ambos com a missão de apoiar as vítimas dos sismos do Nepal e sensibilizar a população dos Açores - zona de risco sísmico - para as boas prácticas em situações de terremoto. Os fundos obtidos foram direccionados para a missão de Assistência Medica Internacional (AMI) no Nepal. Carlos e Ana Catarina regressaram aos Açores com a certeza de que a expressão económica ou material é secundária quando comparada com a dimensão da família, dos sorrisos, do pôr-do-sol ou da simples partilha comunitária. "Ali, a expressão da felicidade torna-se plena com muito pouco." A exposição do trabalho "Nepal, a vida criativa" pode ser visitada até ao dia 15 de Julho, na Galeria Arco 8, em Ponta Delgada.