Laurent Filipe: “Interessam-me as histórias de amor e de desencanto”

Laurent Filipe apresenta o seu disco As (Im)Prováveis esta sexta-feira no Parque Palmela, em Cascais. Convidados: Carmen Souza e Theo Pascal.

Foto
Laurent Filipe: canções prováveis para um disco improvável DR

Com dezena e meia de discos gravados, a solo e em parceria, o trompetista e compositor Laurent Filipe não planeava editar mais nenhum. Mas acabou por rever essa posição e lança agora no mercado, com chancela da Uguru, a colectânea As (Im)Prováveis, apenas com canções, sete escolhidas dos seus discos anteriores e três inéditos. O disco vai ser apresentado esta sexta-feira ao vivo em Cascais, no Auditório Fernando Lopes Graça do Parque Palmela, às 21h30. Com Laurent Filipe (voz e trompete) estará o grupo a que ele chama a sua “song band”: Massimo Cavalli (contrabaixo e baixo), Alexandre Frazão (bateria), Bruno Santos (guitarra) e Mário Delgado (guitarras). Convidados especiais, o duo que a cantora cabo-verdiana Carmen Souza formou com o baixista Theo Pascal.

“Eu não previa editar mais nenhum disco, depois de Tango Frio (2013). O mercado não justifica. Mas quando estabeleci esta relação com a Uguru, pensámos: porque não dar a conhecer a minha vertente de autor? As pessoas imaginam que sou um músico de jazz, os que ainda se lembram, outros viram-me como jurado num concurso televisivo, outros pensam que sou actor…” Por isso, Laurent pegou nos seus discos e arquivos e escolheu um punhado de canções com as quais se identifica. Em parte delas, é ele o vocalista.

Marca electrónica

“Era improvável fazer o disco e estas são as prováveis canções que eu escolhi das menos más dos últimos 25 anos, com três inéditos que tinham ficado esquecidos, diluídos no tempo.” Estes têm, surpreendentemente, todos eles, uma marca electrónica. A começar por Senhora do Carmo, de 1991, que abre o disco. “Foi uma altura em que eu andei a namorar os arquivos do Giacometti, para fazer um disco que acabou por não ir para a frente. Começa com uma mulher do campo, a sachar e a cantar uma canção de louvor à Senhora do Carmo. Depois juntei-lhe os adufes de Monsanto, em loop.”

Os outros inéditos são Play it like you mean it! (inspirado numa sessão com músicos da velha guarda nos EUA, em que eles testam os mais jovens, desafiando: “Mostra o que vales”) e Heat, ambos de 1995. Este último tem uma letra muito extensa, com refrão, sobre uma batida electrónica. “É a história de um tipo que está condenado por ele próprio e pela sociedade, que sai à noite à procura do impossível e acaba na sarjeta. As histórias que me interessam, no fundo, e são um bocado a temática das minhas canções, são as do amor e do desencanto, da amargura. Não gosto de ficar muito pelo meio.”

As restantes canções do disco vêm de registos e datas muito diferentes: Se em teus olhos profundos (com a voz de Fernando Girão), Porto Santo (escrita para o filme homónimo de Vicente Jorge Silva e cantada por Mísia), Chet Baker (que Laurent compôs como “um retrato do Chet Baker, um músico profundamente solitário”), Satin silk champagne and moonlight, Morena exótica flor (voz de Paulo de Carvalho) e De ti (cantada por António Zambujo) e, por fim, Tango frio, com a voz de Paco del Pozo.

Sugerir correcção
Comentar