Cinco concertos que não podes perder no Milhões de Festa

De rock psicadélico a thrash-punk. Quem te avisa teu amigo é: começa a preparar o melhor lugar para veres esta malta

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Goth Money Records (22 de Julho)

Positivismo trap em tons de negro, da internet para o mundo

Navegar pela discografia do colectivo americano Goth Money Records é confuso mas desafiador. Os discos de Black Kray, Kane Grocerys, MFK Marcy Mane, Hunned Mill, Luckaleann e Karmah encontram-se espalhados pelo Bandcamp e várias páginas de Soundcloud – "Trillionaires", o álbum fulcral desta turma, por exemplo, não está na página da "crew" no Bandcamp. Esta deflagração reflecte a realidade dos próprios membros, adolescentes e miúdos de 20 anos separados por milhares de quilómetros e unidos por uma série de referências partilhadas nas redes sociais. É algo inédito num grupo de rap. Também é o que torna esta música, feita de estilhaços de trap, hip-hop consciente, trillwave e rap-rock, tão especial.

The Heads (23 de Julho)

Um dos segredos mais mal guardados do rock psicadélico britânico

Os ingleses The Heads andam a deixar a sua marca no underground psicadélico britânico há 20 anos. E, sem serem um nome mediático, têm o respeito dos seus pares. O músico e musicólogo Julian Cope já os descreveu como um encontro entre os Loop e os Pink Fairies, mas esta descrição não faz justiça à música da banda de Bristol. Porque ignora a influência dos Sonic Youth, dos Butthole Surfers e de outros pais fundadores do indie rock americano, numa linhagem que remonta aos Velvet Underground. Porque não presta atenção ao espectro dos Black Sabbath que paira sobre muitas destas canções. Porque a música destes homens é muito mais do que a soma das suas partes.

Sun Araw (23 de Julho)
Cameron Stallones é um mestre americano do psicadelismo dub

De todos os nomes influenciados pelos Skaters e editados pela Not Not Fun nos derradeiros anos da década passada, Sun Araw é hoje um dos que mais se destaca. E não é difícil perceber porquê. O projecto do americano Cameron Stallones conseguiu transcender os limites impostos à sua música com cada nova edição, ao mesmo tempo que redefinia o que o psicadelismo devia e podia ser no século XXI. Viajou com liberdade entre o passado e o futuro, trabalhou com nomes mitificados do reggae e compôs bandas-sonoras para videojogos. Mas o mais importante é que fez e faz óptimos discos.

Part Chimp (24 de Julho)
Rock lamacento e ruidoso com o alto patrocínio dos Mogwai

Entre 2003 e 2009, os Part Chimp foram uma parte fundamental do catálogo da Rock Action Records, a editora dos Mogwai. E os três álbuns da banda, "Chart Pimp" (2003), "I Am Come" (2005) e "Thriller" (2009), continuam a contar-se entre os melhores que a editora lançou. No entanto, desde 2011 que o noise-sludge-rock não se ouve com regularidade. O concerto do Milhões de Festa, numa parceria com a promotora Baba Yaga's Hut, é por isso ainda mais especial. Rockemos com eles.

Oozing Wound (24 de Julho)
Híbrido thrash-punk com o selo de qualidade da Thrill Jockey

Os americanos Oozing Wound gostam de sublinhar que não são uma banda de thrash-metal. Por um lado têm razão, dado que as suas raízes estão na cena noise-rock de Chicago e editam pela editora indie Thrill Jockey. Por outro, as semelhanças com inovadores do thrash como os Megadeth ou os Voivod são demasiado aparentes. Para não ofender a banda, nem levar ninguém ao engano, o melhor é dizer que fazem thrash-punk. Ou talvez seja melhor ainda evitar quaisquer rótulos e dizer apenas que fazem música pesada, ácida e sardónica.

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