ACP diz que no Eixo Central a vontade de embelezar ganhou à segurança

O organismo presidido por Carlos Barbosa acusa a Câmara de Lisboa de estar a reduzir as vias para "uma largura incompatível com os volumes de circulação e com a composição do tráfego".

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As obras entre o Marquês de Pombal e Entrecampos começaram em Maio Nuno Ferreira Santos/Arquivo

Cerca de dois meses depois de terem começado as obras da Câmara de Lisboa no Eixo Central, entre o Marquês de Pombal e Entrecampos, o Automóvel Club de Portugal (ACP) considera que os trabalhos já realizados no local demonstram um “total desrespeito pelas mais elementares regras técnicas de dimensionamento e de segurança de tráfego, em nome de projectos paisagísticos de embelezamento”.

Em comunicado, a instituição presidida por Carlos Barbosa diz que esse desrespeito é visível “nos troços em que a nova faixa de rodagem ganhou a sua forma definitiva”. Nesses pontos, acusa o ACP, observa-se uma “diminuição efectiva da largura das faixas de rodagem para além do que constava do projecto apresentado ao público”, situação que “levou a que se tenham já verificado inúmeros abalroamentos do separador central, cujas marcas são visíveis e o atestam os tampões de pneus aí abandonados”.

Para o ACP, a câmara está a “reduzir essas vias para uma largura incompatível com os volumes de circulação existentes e com a composição do tráfego”, sendo que no chamado Eixo Central “o peso relativo dos pesados é muito significativo”. “O que se percebe no terreno”, conclui a instituição no comunicado, “só vem confirmar as dúvidas que este projecto suscitou e o modo apressado como se está a concretizá-lo”.

No extenso rol de críticas que faz à autarquia presidida por Fernando Medina, o ACP inclui também a falta de esclarecimentos sobre um conjunto de aspectos desta obra. Entre eles a instituição elenca os acessos à Maternidade Alfredo da Costa e o funcionamento do cruzamento da Avenida Fontes Pereira de Melo com a Rua Tomás Ribeiro e da Praça de Picoas.

“Tudo continua por explicar, dado que os estudos de tráfego apresentados ou estavam manifestamente errados ou consideravam como aceitável que esses cruzamentos ficassem bloqueados nas horas de ponta”, diz-se no comunicado, no qual se pergunta à câmara se esta se vai “render” perante a “sua incapacidade para lidar com o problema que ela própria criou”.

O organismo presidido por Carlos Barbosa, que é deputado do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa, critica também que esta empreitada entre o Marquês de Pombal e Entrecampos não tenha sido antecedida da criação das “necessárias alternativas de tráfego” e de uma intervenção “no conjunto do interior das Avenidas Novas”. A câmara, remata o ACP, “optou por pôr o ‘carro à frente dos bois’ e intervir no espaço mais visível e mais interessante para os turistas, sem se preocupar com as consequências”.

As obras de requalificação do Eixo Central começaram no início de Maio e têm uma duração estimada de nove meses e um orçamento de 7,5 milhões de euros.

Esta segunda-feira, a autarquia divulgou um esclarecimento no qual garante que “a preservação e incremento dos exemplares arbóreos existentes no local foi um dos principais pressupostos que presidiu à elaboração do projecto”. De acordo com esse esclarecimento, o projecto que está a ser concretizado “prevê o abate de 15 árvores, o transplante de 30 e a plantação de 741 novas árvores”.

Em relação ao caso concreto do Saldanha, a câmara adianta que “por força da alteração da geometria da ligação da Av. Casal Ribeiro à futura rotunda do Saldanha está previsto que das 26 Tipuanas existentes duas sejam transplantadas”. “Todas as outras” árvores existentes na praça, assegura-se no esclarecimento, “são mantidas, sendo ainda plantadas nesta área mais 69 árvores novas das seguintes espécies:  jacaranda-mimoso, coreutéria, pereira-de-jardim, cerejeira-brava, plátano e tipuana”.

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