Estado Islâmico reivindica ataque com reféns no Bangladesh

Local é muito frequentado por estrangeiros. Dois polícias foram mortos pelos atacantes.

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Polícias à porta do restaurante AFP
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Imagem de ferido que circula nas redes sociais DR

Um grupo de oito ou nove homens armados atacou um restaurante muito frequentado por estrangeiros e famílias de classe média em Daca, a capital do Bangladesh, na zona das embaixadas, e fez vários reféns, entre os quais se encontrarão cidadãos de várias nacionalidades, avançou à agência Reuters o chefe da força especial anti-terrorismo da polícia, Benjir Ahmed.

O ataque foi reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico, através de uma mensagem publicada no Twitter da Amaq, a "agência" de notícias do grupo jihadista. A mesma mensagem informava que mais de vinte pessoas tinham sido mortas pelos jihadistas, mas essa informação foi desmentida pelas autoridades do Bangladesh, que confirmaram apenas a morte de dois agentes da polícia, atingidos a tiro pelos atacantes.

Testemunhas citadas pelas agências internacionais ou através das redes sociais disseram ter ouvido tiros e uma explosão, e referiram a existência de feridos na sequência do assalto ao restaurante Holey Artisan Bakery. "Um número indeterminado de pessoas encontra-se no interior do restaurante", disse à AFP um responsável da polícia local, Sayedur Rahman.

O embaixador italiano em Daca adiantou há sete cidadão italianos entre os reféns e um responsável policial confirmou à Reuters que  entre os reféns há italianos e indianos.

A polícia cercou o local e manteve um tiroteio com os atacantes, que estariam armados com espingardas e armas automáticas e granadas. "A nossa prioridade é o salvamento dos reféns. Tudo está a ser planeado para que decorra pacificamente e sem vítimas", disse uma fonte da polícia, que pediu aos media que deixassem de emitir em directo do local, no bairro de Gulshan, porque a situação ainda é “fluida”.

As autoridades não excluem a hipótese de o ataque ter sido levado a cabo por extremistas islâmicos. Várias testemunhas confirmaram ter ouvido os atacantes gritar "Allah hu Akbar" (Deus é grande). Mas apesar da reivindicação da autoria pelo Estado Islâmico, a polícia diz não haver nenhuma "ligação operacional" entre militantes do Bangladesh e redes terroristas internacionais.

Também o Departamento de Estado norte-americano considera ser demasiado cedo para poder identificar quem são os atacantes ou quem poderá estar por detrás do assalto. O porta-voz do Departamento de Estado informou que todo o pessoal diplomático da embaixada dos Estados Unidos em Daca se encontra em segurança, mas acrescentou não ser capaz de estabelecer o paradeiro de todos os cidadãos norte-americanos que se encontram na capital.

Nos últimos tempos têm-se verificado vários actos de violência no Bangladesh contra bloggers considerados ateus ou defensores de valores ocidentais e minorias religiosas, atribuídos a grupos jihadistas. Esta violência já fez mais de 50 mortos nos últimos três anos, contabiliza a AFP.

Na quinta-feira, os Estados Unidos integraram a designada a Al-Qaeda no Subcontinente Indiano na lista oficial de organizações terroristas estrangeiras, numa decisão que tem como consequência imediata o congelamento de todos os bens em nome da organização ou do seu líder, Asum Umar. Alguns dos ataques recentes no Bangladesh, nomeadamente ao activista pelos direitos da população LGBT, Xulhaz Mannan, que trabalha na embaixada norte-americana, foram reivindicados por este ramo da Al-Qaeda.

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