Governo pede esclarecimentos sobre jovem que morreu após 11 idas ao hospital

Médicos terão sido incapazes de diagnosticar tumor na cabeça a jovem de 19 anos que morreu em 2013.

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Entre 2010 e 2013, a jovem foi 11 vezes às urgências no Hospital Padre Américo, em Penafiel Fernando Veludo/NFactos (arquivo)

O ministro da Saúde anunciou nesta terça-feira que pediu à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde uma investigação ao caso da jovem de 19 anos que morreu depois de ter sido assistida 11 vezes no Hospital Padre Américo, em Penafiel.

Adalberto Campos Fernandes, que inaugurou em Leiria a unidade de ambulatório do Serviço de Pneumologia do Centro Hospital de Leiria, assumiu ter "pouca informação" sobre o caso, mas adiantou ter pedido a investigação. "Tive conhecimento pela comunicação social. Infelizmente, creio que se trata de um caso ocorrido em 2010, há cerca de seis anos. Como noutras circunstâncias, pedi à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde que iniciasse um processo de esclarecimento sobre o que se passou."

Segundo o ministro da Saúde, deve "reconstruir-se o caso". Adalberto Campos Fernandes disse também esperar "mais notícias ao longo do dia sobre o que se passou" com Sara, de 19 anos.

De acordo com a notícia publicada na edição desta terça-feira do Jornal de Notícias, durante três anos a jovem, de Recarei, em Paredes, deu entrada 11 vezes na urgência do Hospital Padre Américo. Apesar de apresentar uma sintomatologia que incluía vómitos, perda de consciência e falta de controlo da micção, a paciente nunca foi submetida uma tomografia axial computadorizada (TAC) ou ressonância magnética, saindo sempre com o diagnóstico de "estado de ansiedade".

A jovem acabou por morrer a 10 de Janeiro de 2013, dois dias depois da última passagem pela urgência daquele hospital. A autópsia revelou que tinha um tumor de 1,670 quilogramas alojado na cabeça. Segundo o Jornal de Notícias, os pais exigem justiça e interpuseram uma acção judicial junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel para reclamar uma indemnização à unidade hospitalar.

Em declarações à Lusa, a advogada da família, Filomena Pereira, não quis especificar o montante da indemnização por, em simultâneo, estar a decorrer um inquérito-crime alusivo ao caso no Ministério Público junto da Comarca de Porto-Este. Segundo Filomena Pereira, a acção para reclamar a indemnização deu entrada no tribunal a 26 de Abril último, estando agora a correr os seus trâmites.

Hospital investiga

O Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, a que pertence o Hospital Padre Américo, também já determinou uma investigação ao caso, anunciou a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte), acrescentando que vai avançar igualmente com “um processo de inquérito" ao sucedido.

Em comunicado, a ARS-Norte refere ter conseguido apurar que o caso em concreto, que classifica como "morte súbita" e "que terá ocorrido entre 2010 e Janeiro de 2013, nunca foi reportado ao conselho de administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa".

"Tendo em conta a situação de morte súbita, então verificada, o Instituto de Medicina Legal, nestas circunstâncias, determina sempre a realização de autópsia e, consequentemente, a comunicação ao Ministério Público, que, por sua vez, manda instaurar o respectivo inquérito, que foi o que efectivamente aconteceu", acrescenta a ARS-N.

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