Messi anuncia fim da carreira na selecção após nova derrota da Argentina
Chile venceu outra vez a Copa América nos penáltis. "A selecção acabou para mim", disse Messi, depois de ter falhado uma grande penalidade.
Ainda ninguém percebeu se é uma decisão a quente que um dia será revertida, mas Lionel Messi deixou o mundo do futebol boquiaberto. Não com um golo espectacular ou algo dentro do relvado, mas sim com o anúncio de que não mais voltará a jogar pela selecção argentina. A renúncia do avançado do Barcelona foi feita depois de a equipa “albiceleste” ter perdido outra vez a final da Copa América frente ao Chile nos penáltis.
“A selecção acabou para mim. É a quarta final que perco, a terceira seguida”, disse Messi, citado pela AFP, depois de ter contribuído para a derrota argentina, ao falhar um dos penáltis. Depois de 120 minutos sem golos, o Chile voltou a garantir o troféu no desempate por grandes penalidades (4-2), repetindo o que fizera no ano passado.
“Fiz tudo o que podia, mas isto não é para mim. Perdemos a final, faz-me muito mal perder, ainda por cima nos penáltis. A minha decisão está tomada”, acrescentou o jogador de 29 anos, confessando estar a viver um momento difícil porque queria conquistar um título de campeão com a Argentina: “Vou sem o conseguir.”
Sombra de Maradona
“Acredito que é para o bem de todos. Por mim e pelos outros”, disse ainda o jogador sobre a renúncia à selecção. “Há muita gente que deseja isso”, acrescentou Messi, talvez numa referência a Maradona, que antes da final tinha deixado um recado: “Se perdermos, que não regressem.”
Dono de um palmarés invejável ao serviço do Barcelona, clube pelo qual conquistou oito campeonatos espanhóis e quatro Ligas dos Campeões, Messi tem sido incapaz de replicar esse sucesso na selecção argentina, pela qual conquistou apenas o Mundial de sub-20 em 2005 e o torneio olímpico em 2008. Títulos, apesar de tudo, “menores” para quem viveu sempre com a sombra de Maradona, que levou a Argentina ao título mundial em 1986.
A selecção “albiceleste”, aliás, parece viver uma maldição das finais. Desde 1993 que não conquista a Copa América (nem outro título), tendo desde então perdido quatro finais (2004, 2007, 2015 e 2016) nesta competição, a que se juntam ainda a derrota na final do Mundial 2014 e na Taça das Confederações de 2005.
Na final desta madrugada, Messi foi muito marcado pelos chilenos num jogo em que as melhores oportunidades foram da sua equipa, nomeadamente Higuaín a atirar ao lado quando estava isolado (21’) e Aguero a obrigar Claudio Bravo a uma grande defesa (100’).
No desempate pelos penáltis, Arturo Vidal foi o primeiro a tentar e permitiu a defesa a Romero. Tudo parecia finalmente correr bem à Argentina, mas Messi atirou a bola por cima da baliza de Claudio Bravo, seu companheiro no Barcelona. Tal como há um ano (em que Messi tinha sido o único argentino a acertar na baliza), o Chile voltou a ser mais eficaz nas grandes penalidades (desta vez venceu 4-2, há um ano tinha sido 4-1).
Messi até se apresentou em boa forma na Copa América, marcando cinco golos, o que lhe permitiu ultrapassar Gabriel Batistuta como o melhor marcador de sempre da selecção argentina (55 golos). Mas ao 112.º jogo diz que é hora de acabar. Alguns dos seus companheiros de equipa rapidamente disseram que foi uma decisão tomada a quente. “Acho que o Leo falou no calor do momento, porque tinha perdido uma grande oportunidade”, disse o guarda-redes Romero. “Um penálti não muda tudo”, acrescentou Aguero sobre esta decisão surpreendente a dois anos do Mundial de 2018. “Já está, Leo? Não mudarás de opinião? Oxalá seja uma coisa do momento. Os companheiros confiam que mudará de ideias. O mundo do futebol também. Pulga, a selecção precisa de ti”, escreveu o diário desportivo Olé.