Eles trabalham arduamente onde tu te divertes arduamente

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Em três meses, o fotógrafo espanhol Julián Garnés García trabalhou em doze festivais em quatro países da Europa, Portugal, Espanha, França e Alemanha. Trabalhou arduamente no mesmo local onde milhares de pessoas se divertiram arduamente também. A função de Julián era a de grelhador de carne. "Levantas-te muito cedo, preparas as brasas, fazes compras, cortas mais de mil pães e preparas-te para a azáfama que começa assim que o festival abre as portas", disse ao P3. "Logo te esperam pelo menos quatro ou cinco horas a servir comida sem parar, suportando um calor infernal e gente esfomeada e embriagada." Durante três meses, "vives para trabalhar"; mas um mês ali, garante Julián, equivale a três meses de trabalho normal. Dorme-se pouco, seis a sete horas por dia, fazem-se muitos quilómetros de estrada, ganha-se muito dinheiro, mas os momentos de lazer ou privacidade são practicamente inexistentes. "Dormir numa cama limpa de um hotel de berma de estrada, ler um pouco, comer verduras ou uma sopa são coisas simples, mas que te devolvem à vida quando não páras um dia que seja." Julián esteve presente em festivais onde tocaram bandas que "teria matado para ver", mas diz que com a intensidade do trabalho acabava por esquecer, mesmo quando estavam a tocar a 100 metros do seu posto. "Food on Tour" é o nome do projecto e o nome da empresa onde trabalhava. Tem como objectivo mostrar "a outra face dos grandes festivais de música, aquela que se esconde por detrás do lazer e da diversão" e expôr as dificuldades de um trabalho nómada, que é baseado em momentos intensos e espaços efémeros. Ana Marques Maia