Arrouquelas, pequena aldeia de Rio Maior, ensina tolerância a jovens europeus

Jovens de 14 países europeus são convidados a desenvolver campanhas contra a xenofobia e o racismo.

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A independência financeira é a razão apontada pelos jovens para começar a trabalhar Paulo Pimenta

Trinta jovens de 14 países europeus participam esta semana numa formação, na aldeia de Arrouquelas, no concelho de Rio Maior (Santarém), para aprenderem a lidar com as diferenças culturais e religiosas.

Promovida pela "H2O" -- Associação de Jovens de Arrouquelas, que este ano assinala os 20 anos de existência, a formação, assente na educação não formal, convida os jovens participantes a desenvolverem campanhas contra a xenofobia e o racismo ('online' e no terreno), sensibilizando-os para as questões dos refugiados no espaço europeu.

Alexandre Jacinto, dirigente da "H2O", disse esta quinta-feira à agência Lusa que a dinâmica gerada pela associação transforma a pequena aldeia de Arroquelas, sede de uma freguesia com 800 habitantes, na povoação que provavelmente mais europeus concentra neste contexto em Portugal, referindo que só os quatro projectos que se vão realizar este verão vão envolver 160 jovens provenientes de vários países.

Na aldeia encontram-se, desde Março, 10 jovens de sete países ao abrigo do programa "Serviço Voluntário Europeu", que completa igualmente 20 anos, envolvidos em actividades de instituições locais, realçou.

Na segunda quinzena de Julho (de 16 a 28), 40 jovens de vários países do Mundo participam num campo de trabalho internacional que tem por objectivo recuperar as cinco fontes, e acessos, da pequena aldeia, locais que tiveram no passado a função de espaço de encontro e confraternização.

Dando sequência ao campo de trabalho internacional realizado em 2015, o trabalho deste ano visa igualmente o "levantamento histórico, essencial para a reabilitação das fontes", e a realização de uma exposição na sede da "H2O", que será posteriormente arquivada num repositório histórico de Arrouquelas.

"Para os jovens que irão participar neste projecto, será uma forma de desenvolverem outras competências fora das suas áreas académicas, numa postura altruísta como é o voluntariado e num ambiente intercultural que envolve jovens de vários países do mundo", afirmou.

De 04 a 11 de agosto, serão 70 os jovens de 12 países europeus que estarão na aldeia para participarem no programa de intercâmbio internacional "Encontro Europeu de Desporto pela Tolerância".

Os jovens, que ficarão alojados em tendas militares instaladas pela Marinha no "arraial" onde se realizam as festas da aldeia, irão, no final de uma formação assente em dinâmicas de grupo, actividades ao ar livre e visitas de estudo, apresentar uma "flash mob", que deverá acontecer na praia da Nazaré, que integre "todos os valores europeus".

"Queremos que este projecto seja de partilha com a comunidade", disse Alexandre Jacinto à Lusa, realçando o impacto que 20 anos de intercâmbio geraram na população, nomeadamente no sentimento de que as questões europeias "dizem respeito a todos".

A associação assegura ainda actividades de tempos livres para 40 crianças da aldeia durante o período de férias escolares, acrescentou.

"Estas actividades são o testemunho da credibilidade do nosso trabalho de sensibilização para as questões da Europa e dos Direitos Humanos. Estamos conscientes que com jovens esclarecidos e envolvidos em actividades de dimensão internacional podemos acreditar e continuar a trabalhar na construção do projecto europeu", frisou.

Alexandre Jacinto sublinhou o facto de uma organização de meio rural ter, nos últimos anos, levado centenas de jovens da região a participar em projectos um pouco por toda a Europa, marcando o seu percurso individual, e recebido centenas de jovens de vários países numa aldeia que se transformou num "centro da educação não formal e no centro da Europa pelo elevado número de participantes oriundos de vários países europeus e do mundo".

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