25 países competem na Quidditch World Cup, inspirada em Harry Potter

O desporto dos feiticeiros saltou das páginas para a realidade e joga-se em Frankfurt, na Alemanha, a 23 e 24 de Julho.

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A Ansbach Middle/High School, na Alemanha, transformou-se em Hogwarts por um dia Bianca Sowders/DR
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A Ansbach Middle/High School, na Alemanha, transformou-se em Hogwarts por um dia Bianca Sowders/DR
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.J.K.Rowling, autora de Harry Potter, criou o quidditch, que passa dos livros para a realidade REUTERS/Carlo Allegr

Foi num domingo solarengo, em 2005, que Xander Manshel e Alex Benepe, estudantes na Middlebury College, nos Estados Unidos, decidiram transpor o desporto dos feiticeiros para a realidade. Aquilo que era apenas um hobby tomou contornos mais sérios quando começaram a organizar torneiros com outras faculdades. Hoje em dia, o quidditch é um desporto independente da saga de J.K.Rowling e conta com mais de dois milhões de jogadores em mais de 200 equipas em todo o mundo. A terceira edição da Quidditch World Cup realiza-se, a 23 e 24 de Julho, em Frankfurt, na Alemanha.

O quidditch joga-se num campo rectangular com cantos ovais, geralmente de 55x33 metros, em equipas de sete pessoas, que se defrontam ao longo de um tempo variável de 30 ou 40 minutos e têm que lidar com várias bolas, enquanto correm com uma vassoura entre as pernas (nos livros, vassouras voadoras onde os jogadores se deslocam) e têm que se movimentar só com uma mão disponível.

Os três keepers defendem os aros da quaffle, uma bola de voleibol semi-vazia que serve para marcar os golos, cada um a valer 10 pontos. Os dois beaters atiram as bludgers (bolas de dodgeball) aos membros da equipa oposta para tentar derrubá-los. O seeker tem como função apanhar a snitch, que nos livros é uma bola dourada voadora e que, no mundo real, é representada por um jogador vestido de amarelo com uma bola de ténis amarrada aos seus calções – quem o apanhar ganha 150 pontos e termina o jogo.

Este é um desporto que mistura características de râguebi, dodgeball e tag (jogo em que os intervenientes tentam apanhar-se uns aos outros e “taggá-los” com as mãos). A inclusividade é um dos seus factores diferenciadores, pois envolve equipas mistas e tem uma regra que proíbe a existência de mais de quatro jogadores do mesmo género nas equipas.

Nos livros de Harry Potter, o protagonista é apresentado ao quidditch no primeiro livro e a escritora J.K.Rowling dota-o de um talento natural para voar na vassoura, o que o leva a conquistar uma posição na equipa como seeker. O desporto é, aliás, comparado por Hagrid, funcionário da escola de Hogwarts, ao “futebol dos muggles (não feiticeiros)” e assume uma grande importância, por exemplo, na Quidditch World Cup dos livros, um equivalente ao mundial de futebol da nossa realidade.

O certo é que o quidditch começa cada vez mais a afirmar-se como um desporto sério, com regras e tácticas, que espera um dia vir a ser profissionalizado. Para já, as suas equipas existem maioritariamente em contexto universitário, contando-se, também, nos Estados Unidos, algumas escolas secundárias e equipas de adultos independentes. A International Quidditch Association, criada em 2010, tem como objectivos “melhorar a educação de género em todos os desportos e comunidades, promover a igualdade e a diversidade e incentivar o gosto pela leitura em todas as idades”.

A International Quidditch Association organizou a primeira edição da Quidditch World Cup em Oxford, Inglaterra, em 2012, em que participaram Reino Unido, Estados Unidos, França, Canadá e Austrália e que teve como vencedor os Estados Unidos. O evento bianual teve a última edição em 2014, em Burnaby, no Canadá, e contou também com a presença do México e da Bélgica, com os Estados Unidos a defender o título.

O quidditch, além de chamar leitores para dentro de campo, apela a atletas que não têm um gosto particular por Harry Potter. É o caso de Ashley Cooper, treinador da equipa do Reino Unido. “Nunca fui muito fã dos livros, mas este é um desporto físico, com legitimidade e dificuldades”, diz ao The Guardian. O capitão da equipa, Ben Morton, que começou a jogar há cinco anos enquanto aluno da Universidade de Keele, concorda. “Inicialmente ri-me do jogo, mas experimentei e agora é um vício”, diz ao jornal britânico. O jogador Jan Mikolajczak, da Oxford University, reconhece ao Oxford Mail que “é um jogo intenso que requer força física mas também capacidade intelectual”.

Há cerca de 50 a 60 equipas de quidditch em Inglaterra e a prova da sua relevância é a realização de treinos da equipa nacional durante todo o ano e a constante busca de novos talentos. “Vamos tentar ganhar, e esse é o pensamento comum de todos os países”, diz Ashley Cooper.

O quidditch conta, já, com um regulamento da International Quidditch Association que vai na décima edição, lançada a 21 de Junho, e ocupa todos os continentes, em países como Brasil, Argentina, Polónia e Alemanha. Em Portugal, não há, ainda, uma associação oficial do desporto. Resta-nos esperar para saber quem é o novo campeão mundial da corrida de vassouras inspirada por J.K.Rowling.

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