Para terapêutica futura

Primeiro, acima de tudo o resto, estão os jogadores. Depois os seleccionadores e as respectivas equipas técnicas. Segue-se um staff alargado que vai desde o responsável pelos equipamentos ao chef de cozinha, passando pelo departamento clínico, pelos motoristas e pelos assessores. A dimensão de uma comitiva é muitas vezes proporcional ao tamanho do sonho de cada selecção, mas a verdade é que há sempre detalhes que escapam. E há que registá-los, por mais laterais que sejam, para terapêutica futura. Aqui ficam dois, exclusivamente voltados para os treinadores.

Paciente número 1: Gianni de Biasi. Recomendação: Anger management. Lidar com a frustração, no desporto como na vida, é um processo individual, mas na Albânia já há muito que estarão acostumados a repartir o sofrimento. Que o diga Paolo Tramezzani, adjunto da selecção que deixou fugir por entre os dedos, nos minutos finais, a hipótese de pontuar frente à França. Ao golo de Griezmann, o seleccionador nascido em Itália, sentado no banco, respondeu com uma pancada violenta no braço direito do seu braço direito. Tramezzani nem pestanejou. Já nem deve valer a pena.

Paciente número 2: Joachim Löw. Recomendação: Aulas de etiqueta e boas maneiras. O espectáculo dentro do espectáculo. Ou a casa dos horrores dentro do espectáculo, para ser mais rigoroso. A reputação de superior estratega do seleccionador da Alemanha corre o risco de ser abafada pela proverbial tendência para a grosseria. Ao suor abundante e à desinfestação recorrente das cavidades nasais, Löw juntou agora uma nova dimensão que faz empalidecer até quem se encarrega apenas de a descrever (e é também para isso que serve o Youtube, não é? ). É uma espécie de linguagem gestual que se alimenta da ordinarice descomprometida. O preço a pagar pela genuinidade no futebol.

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