Cartas à Directora
Triplo pensar
A incerteza permanente da vida, muitas vezes precária, sem sabermos como será o dia de amanhã, está a provocar um comportamento vivencial difícil de prever o que irá acontecer, numa irracionalidade animalesca.
Assim, tal incerteza está a lançar o caos em muitos milhares de portugueses que se debatem já com muitos problemas de saúde, provocados pelo viver duvidoso e o dealbar de um futuro que se apresenta muito negro.
A prepotência, a ignorância e o desamor ao semelhante desaguam no desemprego de milhões de seres humanos.
‘Eu vou a todas’ parece ser o mote do actual presidente da república, que não se coíbe, e bem, de aparecer aonde se não espera.
Portanto, pesando os prós e contras, parece-nos que está no bom caminho, jornadeando com os portugueses nesta sua/nossa penosa peregrinação do dia-a-dia.
Apesar dos arautos da desgraça gritarem aos quatro ventos o seu maldizer, a geringonça lá vai andando, mesmo que os Ferraris voem baixinho e os seus ressabiados ocupantes gritem que só há uma alternativa, a deles e mais nenhuma.
Mas não, sempre existirão outras opções que satisfaçam todos com mais equidade, mesmo que ventos externos estejam contra nós.
Portanto, contra tão afrontoso muro das lamentações, avante geringonça, que cá estaremos firmes como um bloco contra todas as provocações.
José Amaral, VN Gaia
Pretensiosos
A classificação das outras pessoas de inferiores é algo que está no sangue dos pretensiosos. Foi assim que um "escritor" classificou a generalidade dos alentejanos e agora José Cid fez o mesmo com os transmontanos. É assim que a nível global são classificados os ciganos, os judeus, os islamitas e muitas vezes os próprios portugueses no estrangeiro. É tão fácil caraterizar um povo, uma religião, etc.., tratando a parte pelo todo, que, vendo bem, o que profere tais disparates é um verdadeiro imbecil. José Cid e o tal escritor, tiveram, seguramente, uma educação capaz para não dizerem tais alarvidades. A soberba cega-os e transforma-os em pessoas de uma vulgaridade aterradora. Esqueceram que os alentejanos, os transmontanos, os beirões, etc. são pessoas a quem os poderosos deste país, classe a que pertencem o Zé Cid e o outro escritor, foram os responsáveis pelo abandono e exploração exacerbada que fizeram com que a maioria das pessoas desses povos vivessem subnutridos, desdentados, com grandes dificuldades que os obrigaram a emigrar, vir para Lisboa, etc.. Como beirão, sinto-me ofendido por esses senhoritos e espero bem que os povos deste país lhe deem o devido tratamento, ou seja que não lhes deem dinheiro a ganhar, já que partir-lhes a fuça além de ser inaceitável pode implicar a intervenção da justiça que inevitavelmente os julgará a seu favor.
Mário Pires Miguel, Reboleira