Acções do BCP continuam a cair e regulador prolonga proibição de vendas a descoberto

Cotação do banco desvalorizou quase 8% nesta segunda-feira. CMVM volta a proibir as vendas curtas por mais dois dias.

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Os títulos do BCP fecharam a valer 0,0221 euros nesta segunda-feira Raquel Esperança

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) decidiu travar por mais dois dias as vendas a descoberto das acções do BCP, que nesta segunda-feira já estiveram proibidas perante a trajectória descente dos títulos na bolsa.

Depois de na semana passada ter perdido 25% do valor em bolsa, o banco liderado por Nuno Amado registou uma nova queda na primeira sessão desta semana. Os títulos recuaram 7,92% nesta segunda-feira, para os 0,0221 euros, tendo tocado num mínimo de 0,022 euros durante a negociação.

No mercado, as vendas a descoberto dos títulos do BCP já estiveram proibidas no dia 2 de Junho, depois de as acções terem caído na véspera quase 11%. Na sexta-feira, uma nova desvalorização de 10,1% levou a CMVM a determinar de novo a proibição das vendas curtas para esta segunda feira. E perante uma nova descida em bolsa, o regulador do mercado de capitais decidiu estender a proibição durante mais dois dias, terça e quarta-feira.

À Reuters, Luís Castro, da corretora Golden Broker, ligou o comportamento das acções aos receios de que o BCP venha a precisar de um aumento de capital. “Tivemos dois aumentos de capital na banca europeia nos últimos 15 dias, do Banco Popular [Espanha] e do Banco Popolare [Itália]. De alguma maneira, esse receio passa pela mente dos investidores”, comentou à agência noticiosa.

A proibição da CMVM – que dura até às 23h59 de quarta-feira – refere-se às vendas curtas, as operações em que o vendedor aliena um activo a descoberto (por via de um empréstimo que lhe atribui a titularidade futura desse instrumento financeiro), na expectativa de que o preço desça, com o objectivo de o recomprar por um valor inferior.

A CMVM, presidida por Carlos Tavares, lembra que as regras permitem a “extensão, por um período não superior a dois dias de negociação, da restrição temporária de vendas a descoberto de instrumentos financeiros” quando há uma queda significativa da cotação, como a que se verificou nesta segunda-feira, próxima dos 8%. E considera que “a flutuação do preço das acções em causa não pode excluir a ocorrência de um fenómeno de especulação com impacto negativo”.

A semana passada foi dominada por um conjunto de factores que penalizaram o título do banco: na mesma semana em que o BCP deixou de estar presente no índice europeu MSCI Global ficou a saber-se que a instituição portuguesa aparece na lista elaborada pelo Goldman Sachs relativamente aos bancos europeus mais “voláteis”. Foi também na semana passada que o Jornal de Negócios avançou com a notícia de que o banco terá entrado na corrida à compra do Novo Banco.

E na sexta-feira o banco fez saber ao mercado que concluiu o processo de avaliação dos “vários cenários estratégicos para valorização” do banco online do grupo, o ActivoBank, que se manterá “no perímetro do grupo BCP em função da sua capacidade de geração de valor no contexto da evolução esperada para o modelo de negócio bancário do BCP”. Nesse mesmo dia era publicado o anúncio de que gestora de activos Blackrock diminuiu a sua posição accionista no banco para uma percentagem inferior a 2%.

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