Sobreviveu a tubarão e supera-se no surf

Bethany Hamilton viu um tubarão levar-lhe um braço quando tinha 13 anos mas não deixou o sonho do surf morrer.

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Bethany Hamilton em acção ED SLOANE/AFP

Chama-se Bethany Hamilton, é surfista, e esteve nas bocas do mundo desportivo na semana passada. Ficou em terceiro lugar no Fiji Women's Pro, quinta etapa do circuito mundial feminino, onde participou por convite, alcançando o seu melhor resultado de sempre.

Até aqui, tudo bem. Mas, e se lhe dissermos que esta jovem de 26 anos não tem um braço? Bethany é, na verdade, um caso incrível de força de vontade e superação. Nasceu no Hawaii, sempre teve paixão pelo surf e, aos oito anos, já competia.

Mas foi aos 13 que a sua vida mudou. No dia 31 de Outubro de 2003, surfava na sua ilha quando foi atacada por um tubarão de quatro metros que lhe arrancou o braço esquerdo. “As ondas estavam pequenas e eu estava apenas a relaxar na minha prancha com o braço esquerdo na água. Não havia o mínimo sinal de perigo. Numa fracção de segundo, o tubarão saiu do nada. Em choque, observei que a água à minha volta tinha ficado vermelha. O meu braço tinha ido…”, conta Bethany, num impressionante testemunho publicado no livro "Soul Surfer", de 2004.

Bethany perdeu 60% de sangue, chegou a estar em estado muito grave no hospital, mas, depois de várias cirurgias, sobreviveu. A partir daí, a sua vida nunca mais foi a mesma. Além do livro, contou o que viveu em vários documentários, viu a sua história retratada no filme de Hollywood “Soul Surfer”, de 2011, e, talvez mais importante que tudo, é presença assídua em palestras, nas quais serve de inspiração para quem a ouve.

E o surf, em que lugar ficou no meio de uma vida tão agitada? Ficou num lugar central, ou não fosse a grande paixão da vida de Bethany. Incrivelmente, voltou a fazer surf apenas um mês depois do ataque. Ao surf competitivo voltou três meses depois, em Janeiro de 2004.

Em 2008, com 18 anos, foi o seu primeiro ano a tempo inteiro como profissional. Daí para cá tem dividido a sua carreira entre o circuito secundário, no qual já venceu uma prova, e o principal. Neste, tinha um nono lugar em 2010 como o melhor da carreira, mas o terceiro lugar da semana passada superou tudo de longe. Na caminhada nas Fiji, deixou para trás nomes como Tyler Wright, número dois do mundo, Stephanie Gilmore, número sete ou Nikki Van Dijk, número 11 (Bethany é a 19.ª). Só perdeu nas meias-finais contra Johanne Defay, quarta do ranking, que viria a vencer a prova.

Nas declarações no final da prova, Bethany foi igual a si mesma: “Fico honrada por poder inspirar as pessoas. Sei que estou em posição de poder incentivar as meninas para continuarem em busca dos seus sonhos. Mesmo depois de perder um braço, eu consigo fazer tudo. Acho que as meninas mais jovens se podem lembrar de mim para alcançarem os seus objectivos”.

Elogios para a havaiana foram muitos. Destacamos o de Tyler Wright, por exemplo "[Bethany] é provavelmente o mais fantástico ser humano de sempre”. Do lado masculino, a lenda (ainda no activo) Kelly Slater também não poupou nos elogios: “As dificuldades que ela ultrapassa para se exibir ao nível a que se exibe não têm paralelo no desporto masculino, nem feminino. Toda a gente devia experimentar fazer uma prova de surf inteira apenas com um braço, para verem como é difícil remar ou levantar-se na prancha. Estou impressionado com o seu talento.”

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