Quase um quarto dos jogadores convocados para o Euro têm dupla nacionalidade

No caso português, Fernando Santos convocou 11 jogadores com mais de uma nacionalidade.

Foto
O internacional português Nani tem raízes cabo-verdianas ADRIAN DENNIS/AFP

Alexander Gauland, vice-presidente do partido Alternativa para a Alemanha, lançou a controvérsia ao afirmar que a selecção alemã “há muito tempo que deixou de ser alemã” e que, actualmente, já não existe uma identidade nacional. “É tudo uma questão de dinheiro”, afirma à revista Spiegel.

A mesma pessoa que na semana passada causou polémica, ao dizer que as pessoas apreciam Jérôme Boateng (de origem ganesa) como jogador mas que não o querem ter como vizinho, afirma agora que os alemães não apreciam viver numa sociedade multicultural.

Mas será a selecção da Alemanha assim tão multicultural? Comparando com outras selecções que estarão presentes no Euro, nem por isso. Em 23 jogadores, são seis os que têm dupla nacionalidade: Mustafi (Albânia), Rudiger (Serra Leoa), Khedira (Tunísia), Sané (França), Mário Gomez (Espanha) e Ozil (Turquia).

Olhando para o cenário geral, dos 552 jogadores que vão ao Euro, 128 têm dupla-nacionalidade, o que corresponde a quase 25%. A França e a Suíça são as selecções que mais jogadores têm nesta qualidade, num total de 14. Na selecção francesa destaca-se, por exemplo, o antigo jogador do FC Porto, Mangala, que também tem nacionalidade belga, ou a estrela da Juventus Paul Pogba (Guiné-Conacri). Na Suíça, há jogadores com origem muito diversa, desde o Chile (Ricardo Rodríguez) ao Kosovo (Behrami e Shaqiri), passando por Cabo Verde, onde nasceu o antigo jogador do Sporting, Gelson Fernandes.

No pódio está ainda a Bélgica, com 12 jogadores nestas condições, sendo que seis deles têm passaporte da República Democrática do Congo, incluindo o valioso trio de avançados: Lukaku, Benteke e Batshuayi.

Logo a seguir surge Portugal. A selecção nacional tem 11 jogadores com dupla-nacionalidade nos 23 convocados para o Euro. Anthony Lopes, Raphaël Guerreiro e Adrien Silva nasceram em França, Pepe no Brasil, Cédric na Alemanha, William Carvalho em Angola e Danilo na Guiné-Bissau. Tendo nascido em Portugal, há quatro jogadores com origens noutros países: Bruno Alves (Brasil), Eliseu, Nani e Renato Sanches (Cabo Verde).

Também com 11 jogadores está a Albânia (a maioria com passaporte suíço) e, com nove, a República da Irlanda e o País de Gales, em que a maioria desses jogadores também tem nacionalidade inglesa. A Turquia conta com oito jogadores e uma clara influência alemã (seis deles têm passaporte alemão). Na Suécia, Zlatan Ibrahimovic, de origem bósnia, é um dos seis com dupla nacionalidade.

Depois, há três selecções com cinco jogadores nestas condições. A Alemanha, a Inglaterra, em que se destaca Eric Dier, antigo jogador do Sporting e que tem nacionalidade portuguesa, e a Irlanda do Norte (os cinco também com nacionalidade inglesa).

Em Itália, um intenso debate aconteceu quando Antonio Conte convocou Éder. O avançado e o médio Thiago Motta nasceram no Brasil e vão ao Euro. São dois dos quatro jogadores com dupla-nacionalidade.

A Rússia tem apenas três jogadores, incluindo o guarda-redes Guilherme, que nasceu no Brasil. Com dois jogadores, a Polónia, a Áustria e a Eslováquia. Com apenas um, a Croácia, a República Checa, a Roménia, a Hungria e a Espanha. O país vizinho tem no grupo o médio Thiago Alcântara, que nasceu no Brasil.

De referir que muitos destes jogadores nasceram, efectivamente, no país da selecção em que jogam. O que acontece é que, como têm raízes noutros países, aproveitaram para pedir a dupla-nacionalidade. As únicas selecções que só têm jogadores nascidos no país e sem mais nenhuma nacionalidade são a Islândia e a Ucrânia.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários