Malparado sobe no crédito ao consumo e estabiliza na habitação

Incumprimento das empresas exportadoras em relação aos bancos volta a aumentar.

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No crédito à habitação, o incumprimento das famílias corresponde a 3% do montante concedido pelos bancos Ricardo Campos

As situações de incumprimento das famílias aumentaram ligeiramente em Abril face ao mês anterior, com um aumento do malparado no crédito ao consumo e uma estabilização nos empréstimos da casa. De acordo com os dados publicados nesta terça-feira pelo Banco de Portugal, 5,2% do valor concedido às famílias correspondia em Abril a empréstimos cujos prazos de amortização não foram respeitados pelo devedor.

Em 126.619 milhões de euros concedidos pelos bancos, caixas económicas e outras instituições financeiras, 6584 milhões estavam por regularizar no final de Abril. Este rácio já estava nos 5,1% no mês anterior, o mesmo valor que se registava no final do ano passado e também em Abril desse ano.

Nos empréstimos ao consumo, onde tradicionalmente o incumprimento é mais elevado, a tendência foi de agravamento, embora o rácio seja agora inferior aos valores de um ano antes. Em Abril, o malparado era de 14,5%, subindo em relação a 14,2% registados em Março. Este rácio estava próximo dos 15% em Outubro, mas no final do ano passado e nos primeiros meses deste ano recuou, voltando agora a aumentar.

Já no crédito à habitação, onde o rácio de incumprimento é de 3%, há uma estabilização neste valor desde Outubro do ano passado. São 3086 milhões de euros por regularizar, num total de 102.879 milhões de euros concedidos.

Do lado das empresas, as situações de incumprimento também estabilizaram. O malparado corresponde a 16,4% do crédito concedido, o mesmo valor de Março, afectando 29,5% das empresas. O problema é mais visível nas micro e nas pequenas empresas, onde a percentagem de devedores com empréstimos em atraso era de 30,3% e 26,5%, respectivamente.

Entre as empresas exportadoras, têm-se acentuado as dificuldades em pagar os empréstimos, com o rácio de incumprimento a subir de mês para mês. Em Abril, 6,1% do valor do crédito estava por regularizar, o correspondente a mil milhões de euros. Num ano, houve um aumento de 60% (no mesmo mês do ano passado, o crédito vencido estava nos 3,8%).

Este movimento acentuou-se à medida em que o sector exportador foi ressentindo da crise em economias importantes para o comércio internacional do país, como Angola ou o Brasil.

O número de empresas voltadas para as exportações que enfrentam dificuldades em pagar a tempo os empréstimos aos bancos também tem vindo a aumentar, abrangendo 9,4% das exportadoras a quem foram concedidos empréstimos (em Abril do ano passado abrangia 8% do universo das exportadoras). Nesta categoria são consideradas as empresas em que pelo menos metade do volume de negócios tem origem nas vendas ao estrangeiro ou pelo menos 10% se o montante for superior a 150 mil euros).

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