Cartas à Directora

Regionalismo de conveniência

Bastou o ministro do Planeamento e das Infra-Estruturas dizer que o custo das portagens das antigas Scut no interior do país vai descer até ao Verão, para logo virem os autarcas dos municípios do litoral reclamarem igualdade no pagamento. É a típica inveja portuguesa, ridícula e mesquinha, personificada por políticos e pessoas que só olham para os seus umbigos, muitos deles dizendo-se regionalistas, apenas quando lhes convém. Mas querem realmente comparar-se com quem vive no interior, com isolamento e dificuldades de acesso, com despovoamento, com uma crise agrícola, com uma população envelhecida e o encerramento de serviços públicos essenciais?

Emanuel Caetano, Ermesinde

 

Literatura em viagem

No sábado passado estive na Biblioteca Florbela Espanca na décima edição da Literatura em Viagem (Lev). Ainda cheguei a tempo de ouvir Paulo Moura, Gonçalo Cadilhe e Francisco José Viegas. No lugar de Lídia Jorge, que o programa prometia, esteve a escritora Teolinda Gersão na mesma mesa que Patrícia Reis, com diferenças bem evidentes para além da idade. A dada altura o moderador perguntou a Teolinda se escreve segundo o novo ou o antigo acordo ortográfico. Teolinda declarou veemente ser contra o novo AO. Talvez quem lhe fez a pergunta, João Barreto, desconhecesse que a escritora subscreveu a Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela revogação da entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990. A sala cheia e quente, com gente de pé, saudou a escritora com uma salva de palmas bem convicta!

Céu Mota, Sta Maria da Feira

 

A aberração ortográfica

O facto de mais de meio milhão de crianças serem forçadas, por decreto, a usar a nova ortografia não pode servir de cómoda justificação para se não corrigir urgentemente o desastroso erro da adopção precipitada e ditatorial de um acordo ortográfico que abastarda aberrantemente a língua de toda uma nação, empobrecendo-a marcantemente, e no qual a esmagadora maioria dos portugueses não se revê. Ao contrário daqueles que, por leviandade ou preguiça intelectual, predicam varrer-se o assunto para debaixo do tapete (“caso arrumado, não se fala mais nisso”…), não é, de modo algum, uma questão irreversível. Trata-se da obrigatoriedade de reverter quanto antes uma decisão política inconsciente e irresponsável, que estabeleceu a confusão geral e o caos e que, provocando estigmas profundos na sociedade, se insere na funesta tendência do apagamento da memória e da negação da História – ignorando que a língua portuguesa é, verdadeiramente, o nosso maior património, o nosso atestado de identidade. Mais importante que a bandeira, o hino, a Constituição ou o Estado.

César Faustino, Cascais

 

O PÚBLICO ERROU

Contrariamente ao noticiado na edição de 9 de Maio, no artigo “Prémio Europeu para alunos de Lisboa”, Germano Marques da Silva, Matilde Sousa Franco e Ricardo Serrão Santos não são, nem nunca foram, professores da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. É assim incorrecta a notícia do PÚBLICO ao indicar que todos os membros do júri são da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Pedimos desculpa aos visados.

 

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