AMOVER - Movimento Movido a 4 Patas

No nosso Inquérito de Estimação, damos palco a associações e grupos de ajuda de animais que o mundo deve conhecer. Criada em 2014, a AMOVER - Movimento Movido a 4 Patas quer mudar as mentalidades a partir das escolas

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Amover

Tudo começou por causa da Ritinha. Estávamos em 2013 e uma cadela galga tinha sido atropelada e precisava de fazer uma operação urgentemente. Na associação que a acolheu, a Cantinhos dos Animais de Beja, não havia como assumir as despesas. Foi então que apareceu um grupo de amigas — Mafalda, Raquel, Bruna e Cláudia —, decididas a salvar a vida do animal. Viraram o dia-a-dia do avesso, organizaram eventos e juntaram dinheiro. A galga foi operada e sobreviveu. Mas podiam ficar por ali?

Durante seis meses fizeram mantas e criaram um fundo para se registarem como associação: a Amover — Movimento Movido a 4 Patas era oficialmente criada em Maio de 2014. Na primeira acção, juntaram mil quilos de ração para doar a famílias com baixos rendimentos e associações com carências urgentes. Desde esse ano, já distribuíram mais de 60 mil refeições, ajudaram no transporte de animais (numa distância equivalente a uma viagem entre Lisboa e Pequim) e encontraram casa para mais de cem animais. A plataforma EBS-K9, que treina voluntários para formar binómios (homem + cão) para busca e salvamento em situações de emergência e catástrofe, integrou entretanto o projecto. Mafalda Campos, presidente da AMOVER, diz de sua justiça no Inquérito de Estimação do Pet.

Uma medida prioritária pelos direitos dos animais

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A formação nas escolas. Matérias de sensibilidade animal são essenciais para mudar mentalidades. A escola é a segunda casa das crianças e mudar mentalidades começa por aí. A sensibilidade ambiental, animal e de cidadania é essencial nas escolas, pois apenas a persistência na mudança de mentalidades faz com que a evolução se efective. As crianças de hoje são os adultos de amanhã, e é agora que as mentalidades têm que começar a mudar para que "amanhã" vejamos a tão esperada evolução.

Um caso marcante na vossa associação

Entregue pela sua anterior dona, a Amora foi um caso que nos marcou verdadeiramente. Era uma bull terrier destinada a fazer criação de "quintal". Passava o dia amarrada a uma corrente de 50 centímetros, estava esquelética e era um caso horrível de sarna. Foi resgatada e tratada pela associação. Quando chegou às nossas mão pesava cerca de 10 quilos (o peso normal são 22/26kg). Foi adoptada por um casal fantástico da Maia, o Pedro e a Raquel, que já não sabe viver sem ela. Hoje chama-se SUKI - que significa Amada. Em honra da Amora, foi criado, em conjunto com o grupo Bull Terrier e Família, uma cãominhada (solidária por Amor(a)) que fez este ano o segundo evento, angariando dinheiro para tratamentos de animais necessitados. O dinheiro reverteu desta vez para o tratamento do King, um Pitt Bull que foi adoptado e que está a lutar contra um cancro.

Um conselho para quem quer adoptar um animal

Um animal é uma responsabilidade acrescida na sua vida. Não é uma moda, não é objecto (embora a lei ainda assim o encare). É uma vida e merece tanto respeito quanto a nossa. Assim, pondere os prós e contras se quer adoptar. Tenha em mente o seu projecto de vida e futuras alterações que possam pesar na sua decisão. Se não pode adoptar, mas se quer ajudar, tem formas alternativas de o fazer, como por exemplo fazer acolhimentos temporários (ser FAT). Se ao fim de algum tempo achar que o que precisa mesmo é de um companheiro para ficar de vez, dirija-se a um canil municipal ou a uma associação e seja o herói de uma vida para sempre.

Um projecto que tem que ser conhecido

O projecto Casa de Amigos e Casa de Família. São ambos pioneiros e vão ao encontro de problemas de difícil solução. O projecto Casa de Amigos é um local, construído apenas com esforço dos voluntários da Amover - Movimento Movido a 4 Patas, onde em caso de necessidade imperiosa se pode alojar um animal. Localiza-se na zona de Lisboa e para usufruir do mesmo deverá fazer-se sócio da associação. Serve pessoas que necessitam de alojar por curtos períodos de tempo um animal (máximo de um mês), por precisarem de se ausentar do país, por serem hospitalizadas ou mesmo por irem de férias e não terem onde deixar o animal. Este local tem capacidade máxima para quatro animais ao mesmo tempo, daí apenas se fazer o alojamento por um período máximo de um mês. O projecto Casa de Família pretende abrigar animais cujos donos faleçam ou sejam institucionalizados. No entanto, terá uma vertente igualmente vocacionada para pessoas pois pretende que os idosos institucionalizados passem tempo de qualidade com os seus animais nesse mesmo espaço. Simultaneamente, pretendem criar-se actividades para jovens e crianças onde, de uma forma harmoniosa, jovens, idosos e animais possam conviver.

Uma pessoa anónima que vale a pena conhecer

Esta é uma pergunta de muito difícil resposta. Há pessoas nesta causa de alma e coração, umas mais radicais outras menos, mas que em comum têm a paixão descomunal por animais. Assim, e desculpem-me a veleidade, sou incapaz de nomear apenas uma pessoa. Desde que presido à associação, tenho encontrado pessoas verdadeiramente mágicas. Desde a Raquel Matos, uma verdadeira "flauta de Hazel" que tendo estudado direito pugna por iniciativas jurídicas de valor por esta causa, à Ana Rita Carvalho que tem demonstrado uma disponibilidade enorme, sacrificando o seu tempo pessoal pelos animais, à Bruna Margarida Oliveira que decidiu dedicar-se em exclusivo aos animais, assumindo o papel de FAT [Família de Acolhimento Temporário], fazendo resgates e auxiliando muitas vezes variadíssimas associações, ao doador anónimo que nos entrega numa campanha de recolha algo para os "esquecidos", passando por alguns agentes da autoridade que efectivamente se preocupam com o bem-estar dos animais e até à idosa que nas noites de frio e chuva faz o esforço de ir alimentar as colónias dos animais de ninguém, muitas vezes a sua única companhia.

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