A espreguiçadeira de Siza, a mesa de Amanda Levete e outros objectos para desafiar o tempo

Projecto Resistência, primeiro momento de um programa de internacionalização da pedra portuguesa, chega à Bienal de Arquitectura de Veneza dia 25.

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Álvaro Siza desenhou um banco de jardim para o espaço público, tipo espreguiçadeira, em mármore branco de Estremoz Pedro Sadio
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A britânica Amanda Levete imaginou um objecto de grande formato em mármore pele de tigre, Metamórfica
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A arquitecta sueca Mia Hägg (atelier Habiter Autrement) criou uma peça em forma de X, que tanto pode ser feita em mármore ou em calcário, e que pode funcionar como suporte para bicicletas ou “statement político” a incentivar o uso ecológico daquele meio de transporte

Álvaro Siza desenhou um banco de jardim, tipo espreguiçadeira para o espaço público, em mármore branco de Estremoz; o atelier chileno Elemental, de Alejandro Aravena (comissário da Bienal de Arquitectura de Veneza que começa na próxima semana), propõe um equipamento lúdico – a que chama “mais uma coisa do que um objecto” (“a thing not an object”) – também para o espaço público, destinado preferencialmente a jovens: algo que quando utilizado se transforma em arquitectura, e que quando deixado só volta a ser uma coisa, uma pedra; a britânica Amanda Levete imaginou um objecto de grande formato em mármore pele de tigre, Metamórfica, “um complexo jogo de pequenas peças inspiradas na estrutura dos cristais de calcite” – pode ser usado também como banco, mesa ou elemento decorativo; a arquitecta sueca Mia Hägg (atelier Habiter Autrement) criou uma peça em forma de X, que tanto pode ser feita em mármore ou em calcário, e que pode funcionar como suporte para bicicletas ou “statement político” a incentivar o uso ecológico daquele meio de transporte; Lore é o nome da peça do arquitecto indiano Bijoy Jain (Studio Mumbai), que se encontra ainda em fase de desenvolvimento: traduz o duplo significado daquele conceito inglês, que tanto designa a sabedoria acumulada pela tradição e pela memória colectiva, como o espaço entre o olho e o bico ou a narina nos pássaros e nas cobras.

São estas as peças (no caso da de Jain, ainda só em esboço) que na próxima semana vão ser mostradas na Villa Hériot, na ilha veneziana da Giudecca, o mesmo lugar onde Portugal vai estar representado por Álvaro Siza na Bienal de Arquitectura a partir de 25 de Maio. “Existem pedras que se moldam com as mãos limpas, apenas com os dedos. Outras, para serem trabalhadas, requerem tecnologias complexas. Todas elas se formaram há milhões de anos. São elas próprias um exemplo de resistência”, escreve Guta Moura Guedes, comissária do projecto Resistência, resultante de uma parceria da Experimenta Design com a associação Assimagra, tendo em vista a aposta na internacionalização da pedra portuguesa.

Os cinco arquitectos são os primeiros convidados a envolverem-se neste momento inicial do programa Primeira Pedra. Seguir-se-ão outros sete, e também um grupo de designers gráficos, cujos trabalhos serão sucessivamente apresentados em Milão e em Basileia, em 2017. É o elogio da pedra portuguesa, nos seus diferentes graus de resistência ao tempo. 

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