Bons Sons celebra 10 anos de música portuguesa

Festival decorre de 12 a 15 de Agosto em Cem Soldos, a "aldeia da cultura", em Tomar

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Miguel Madeira

O festival de música portuguesa Bons Sons, que decorre no terceiro fim-de-semana de Agosto, na aldeia de Cem Soldos, em Tomar, terá este ano 50 concertos, "num cartaz que se orgulha de representar o presente da música portuguesa".

Apresentada esta terça-feira, na aldeia de Cem Soldos, a edição deste ano do Bons Sons, que decorrerá de 12 a 15 de Agosto, celebrará "10 anos de música portuguesa" trazendo "10 repetentes", que representarão as seis edições anteriores, anunciou o director artístico do festival.

Na apresentação, que decorreu na sede do Sport Club Operário de Cem Soldos, a associação cultural local, Luís Ferreira, que organiza o festival, fez questão de sublinhar que o Bons Sons é "bastante mais que um festival", inserindo-se num "projecto cultural" que envolve toda a aldeia e que funciona como um elemento de capacitação e de desenvolvimento de toda a comunidade.

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Realizando-se num recinto que é a própria aldeia, o festival vai decorrer em oito palcos: Lopes-Graça (no largo do Rossio, para a música de raiz tradicional e do mundo), Eira (na antiga eira comunitária, para os novos sons), Giacometti (no largo de S. Pedro, mais intimista), Auditório (para música erudita e de vanguarda, concertos didácticos e comentados e cinema), MPAGDP (na Igreja de S. Sebastião, para o projecto Música Portuguesa a Gostar Dela Própria), Aguardela (para a música electrónica), Tarde ao Sol (no adro da Igreja, para a música tradicional) e Garagem (para quem quiser mostrar o seu talento).

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Miguel Madeira

Além dos repetentes - Desbundixie, Deolinda, Kumpania Algazarra, Lula Pena, Danças Ocultas, Joana Sá, Birds are Indie, Lavoisier, Sopa de Pedra e D'Alva -, por Cem Soldos passarão este ano Cristina Branco, Carminho, Jorge Palma, Best Youth, Cláudia Duarte, Alentejo Cantado, João e a Sombra, Indignu [lat], LODO, Da Chick, Niagara, Few Fingers, os DJ Lilocox, Puto Márcio e Rubi Tocha, Diogo Armés, Flak, entre muitos outros.

Procurando trazer "nomes grandes" e menos conhecidos, da música mais tradicional à electrónica, em palcos desde "o mais intimista ao mais festivo", o Bons Sons apresenta um cartaz de que se "orgulha", realçou Luís Ferreira, designer e produtor cultural que, desde há três semanas, dirige o Centro Cultural de Ílhavo.

Na apresentação, realizada depois de uma visita aos vários "palcos", Luís Ferreira fez questão de deixar claro que o Bons Sons é o "embaixador" de um projecto muito mais amplo que procura fazer de Cem Soldos "uma aldeia de cultura", que é "uma imensa sala de aula".

Com um programa educativo a decorrer na escola local, que inclui campos de férias, uma horta e uma biblioteca comunitárias e programas de intercâmbio - e que conseguiu reverter o encerramento previsto há dois anos, porque "uma aldeia sem escola não é uma aldeia" -, o projecto assume outras dimensões - de qualificação urbanística, de envelhecimento activo (com um conceito de lar que permite permanecer em casa), actividades intergeracionais (como a costura criativa) -, assumindo a cultura "como elemento de desenvolvimento local e de agregação".

Cem Soldos quer "vender esperança, porque acredita e, porque acredita, faz", disse Luís Ferreira, referindo o enorme esforço da comunidade para realizar um festival que, este ano, está orçado em 450.000 euros e que não depende de subsídios para acontecer. Com um calendário de eventos que já preenche praticamente todo o ano -- em Novembro arranca o Caldelas Fest, que procurará trazer a Cem Soldos experiências idênticas que decorrem em aldeias de outros pontos do Mundo -, o projecto envolve uma componente turística, para "criar negócio e capacidade económica", frisou.

"Não queremos um mega evento", que se esgota num momento do ano, "mas vivências ao longo do ano", disse Luís Ferreira, considerando que, ao fim de uma década, o Bons Sons chegou ao horizonte esperado, de 40.000 visitantes e 50 concertos.

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