Sever do Vouga mostra que é muito mais do que a terra do mirtilo

Museu municipal é inaugurado esta quarta-feira. Nova unidade museológica custou mais de 700 mil euros e exibe um conjunto de achados arqueológicos do paleolítico, entre outros atractivos

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No museu estarão os achados arqueológicos, com mais de 10 mil anos, que foram descobertos durante a construção da Barragem de Ribeiradio-Ermida

Nos tempos que correm, Sever do Vouga é conhecida, essencialmente, por ser capital da produção do mirtilo e terra de paisagens naturais únicas e verdejantes. Mas o que muitos desconhecerão é que este concelho, situado no interior do distrito de Aveiro – exactamente, na fronteira com o distrito de Viseu -, também já foi um importante centro mineiro e grande produtor de leite. Todas essas facetas e tradições do concelho passam, agora, a ser contadas ao público, a partir do Museu Municipal de Sever do Vouga, que reserva ainda lugar de destaque para um atractivo muito especial: um conjunto de achados arqueológicos, com mais de 10 mil anos, que foram descobertos durante a construção da Barragem de Ribeiradio-Ermida, situada no concelho. A unidade museológica, que custou mais de 700 mil euros e começou a ser construída em Março de 2014, é inaugurada esta quarta-feira – data em que se assinala o Dia Internacional dos Museus.

“Estamos a falar de vestígios do paleolítico, que foram encontrados durante as obras da barragem da EDP e que, desde a primeira hora, fizemos questão que integrassem o nosso museu”, destacou ao PÚBLICO António Coutinho, presidente da câmara municipal de Sever do Vouga, a propósito daquela que deverá ser uma das principais “jóias da coroa” da nova unidade museológica. “Mas não será a única”, assevera o autarca, notando que “no fundo, neste museu conta-se praticamente toda a história do município”.

Assim sendo, e como não podia deixar de ser, a memória das minas do Braçal, Malhada e Coval da Mó, será outro dos principais focos do discurso expositivo do novo museu. Estas minas, que se suspeita que existissem já desde a época dos romanos, e que se dedicavam à extracção de chumbo, foram as grandes empregadoras do concelho – o seu encerramento, em meados do século passado chegou, mesmo, a obrigar a que muitos operários tivessem de emigrar.

“E também já fomos conhecidos no país pelo nosso ‘ouro branco’, o leite”, destaca ainda António Coutinho ao PÚBLICO, a propósito de outra das componentes do discurso expositivo do novo museu. O autarca faz questão de lembrar que foi neste concelho que nasceu “a marca ‘Gresso’, inspirada no Rio Gresso”, na certeza de que foi também em Sever do Vouga que nasceram “as duas mais antigas cooperativas de leiteiras do país”.

História contada com recurso às novas tecnologias

Somando todas estas memórias e património histórico, António Coutinho acredita que o museu surpreenderá até “a população do município de Sever do Vouga”. “Começando pela própria arquitectura do edifício”, promete o autarca, destancando que “a partir do exterior, não se consegue ter a real noção da dimensão do museu”. Fica também outra certeza: o discurso expositivo aposta, fortemente, nas novas tecnologias para contar a história do concelho. “Será um equipamento voltado para o futuro, altamente pedagógico, comunicativo e envolvente”, afiança a câmara municipal.

Ainda sem estimativas quanto ao número de visitantes que o museu poderá atrair por ano, o líder da autarquia não tem dúvidas de que este novo espaço, edificado no centro da vila, constituirá um grande “motivo de atracção de turistas” ao concelho. “Será um elemento muito importante para a valorização do nosso território”, remata António Coutinho.

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