À porta fechada, Ban Ki-moon elogiou Guterres e desejou-lhe boa sorte

Secretário-geral das Nações Unidas esteve dois dias em Portugal, mas não houve tempo para falar à comunicação social.

Marcelo Rebelo de Sousa nos jardins do Palácio de Belém com Ban Ki Moon
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Marcelo Rebelo de Sousa nos jardins do Palácio de Belém com Ban Ki Moon Rui Gaudêncio
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O Presidente português e o secretário-geral da ONU esta sexta-feira Rui Gaudêncio
O Presidente condecorou o secretário-geral das Nações Unidas à porta fechada
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O Presidente condecorou o secretário-geral das Nações Unidas à porta fechada Rui Gaudêncio
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O ex-primeiro-ministro socialista à chegada ao Palácio de Belém Rui Gaudêncio
António Guterres esteve presente no jantar oferecido pelo primeiro-ministro e no almoço no Palácio de Belém
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António Guterres esteve presente no jantar oferecido pelo primeiro-ministro e no almoço no Palácio de Belém Rui Gaudêncio

Ban Ki-monn esteve quase dois dias em Portugal, mas não teve oportunidade de responder publicamente ao anseio do Presidente da República, que esperava ouvir do secretário-geral das Nações Unidas o “reconhecimento ao trabalho notável” de António Guterres como alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados. Ao contrário do que aconteceu na visita que fez em 2010, desta vez não houve declarações à comunicação social.

No entanto, no almoço que Marcelo Rebelo de Sousa ofereceu esta sexta-feira em Belém – e onde Guterres esteve presente, tal como no jantar oferecido na véspera pelo primeiro-ministro , Ban Ki-moon reconheceu, em frente aos convidados, o mérito do candidato português à sua sucessão e desejou-lhe boa sorte, apurou o PÚBLICO.

Na quarta-feira, véspera da chegada do secretário-Geral das Nações Unidas, o Presidente da República confessou estar “à espera do reconhecimento que vale como um empurrão para o engenheiro António Guterres”. Sem câmaras nem microfones por perto, a mensagem ficou atrás da porta fechada.

Certo é que um dos temas fortes e públicos da visita foi a actual crise dos refugiados, tendo Ban Ki Moon elogiado a receptividade de Portugal para acolher deslocados sírios. No encontro com António Costa, considerou mesmo “inspirador” o seu “apelo à compaixão e solidariedade” como resposta ao grande movimento de refugiados e migrantes pela Europa, “incluindo o reconhecimento do seu potencial para enriquecer a sociedade portuguesa”.

O elogio está transcrito no site das Nações Unidas, uma vez que, em Lisboa, em nenhum momento houve declarações de Ban Ki Moon aos jornalistas. Segundo os assessores do sul-coreano, chegou a estar prevista uma conferência de imprensa no Palácio de Belém, que foi desconvocada por motivos que remeteram para a Presidência. Segundo Belém, a falta de disponibilidade deveu-se exclusivamente a questões de agenda. E até a condecoração de Marcelo a Ban, com a Grã Cruz da Ordem da Liberdade, decorreu longe das câmaras e dos jornalistas.

Assim, os conteúdos das conversas entre Ban Ki-moon e o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República, o primeiro-ministro e o ministro dos Negócios Estrangeiros só indirectamente foram sendo conhecidos.

Esta sexta-feira, depois da reunião no Parlamento, o presidente da Assembleia da República afirmou que o mais importante foi a oportunidade de transmitir o “grande consenso” que existe em Portugal quanto à candidatura de António Guterres. E sublinhou essa unanimidade com o aplauso em pé que todas as bancadas, incluindo a do Governo, fizeram ao secretário-geral das Nações Unidas quando este foi levado à tribuna dos convidados do Parlamento, durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro.

O presidente da Assembleia da República assinalou também ter transmitido a Ban Ki Moon a "preocupação portuguesa com a crise dos refugiados", sublinhando "a disponibilidade que o Governo português e toda a AR têm sempre manifestado no sentido de um apoio humanitário bastante mais rápido e eficaz do que até agora foi feito, sobretudo ao nível da União Europeia e por parte de Portugal".

Na quinta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, assinalou aos jornalistas os quatro pontos da agenda do seu encontro com Ban Ki-moon: além dos refugiados, esteve em cima da mesa a situação política na Guiné-Bissau, as condições da participação portuguesa nas operações de paz das Nações Unidas e os oceanos.

Brasil e Moçambique na agenda

Outras informações foram sendo conhecidas através do site do secretário-Geral das Nações Unidas. Como a confirmação de que Moçambique e também o Brasil estiveram na agenda de Ban Ki Moon em Portugal, apesar de nenhuma das altas entidades portuguesas se tenha referido a estes assuntos.

“O secretário-Geral e o ministro dos Negócios Estrangeiros discutiram as actuais situações políticas na Guiné-Bissau, assim como Moçambique e Brasil”, lê-se na página do porta-voz de Ban Ki Moon (http://www.un.org/sg/spokesperson/), onde se destaca também o agradecimento pela participação de militares portugueses nas operações de paz no Mali e na República Centro-Africana.

A Rádio ONU em português (www.unmultimedia.org) também se refere à abordagem das situações do Brasil e de Moçambique, sem quaisquer outros pormenores. No entanto, na quinta-feira, o porta-voz de Ban Ki Moon publicou no site oficial que o secretário-Geral  “está a acompanhar de perto os acontecimentos no Brasil” e recomenda “calma e diálogo entre todos os sectores da sociedade”. E acrescenta: “Ele acredita que as autoridades do país vão honrar os processos democráticos, aderindo à lei e a Constituição”.

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