Póvoa de Varzim deixa de apoiar realização de touradas na cidade

Autarquia passa a cobrar oito mil euros pelo aluguer da praça de touros. Canil vai ser alargado para terminar com o abate de animais

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Lajoumard/Flickr

A Câmara Municipal da Póvoa de Varzim vai deixar de apoiar touradas que se realizem na cidade, passando a cobrar oito mil euros pelo aluguer da sua praça de touros. A autarquia poveira tinha como tradição oferecer o recinto às entidades que promovem este espectáculo, sobretudo na época de Verão, como forma de atrair mais turistas à cidade, mas a partir de agora o autarca Aires Pereira decidiu inverter essa prática.

"Todas as touradas que se realizarem na Póvoa de Varzim a partir de agora já não contarão com a aposta de dinheiros públicos. Deixamos de isentar as entidades promotoras da taxa de aluguer da nossa praça de touros", revelou o presidente da Câmara Municipal poveira. Por enquanto, ainda não está em cima da mesa a proibição destes eventos na cidade: "Enquanto a lei permitir este género de espectáculo, a Câmara Municipal não irá proibir a sua realização, mas investir o dinheiro dos contribuintes poveiros é algo que não irá mais acontecer", disse o autarca.

Aires Pereira fez esta revelação à margem de um protocolo de colaboração com a associação A Cerca — Abrigo de Animais Abandonados, que prevê um apoio de 20 mil euros anuais para o fim do abate de animais no canil municipal. "É importante que as pessoas percebam que isto não é a atribuição de um subsídio, é o assumir de um compromisso para a resolução de um problema. Felizmente encontramos n'A Cerca pessoas para a parceria e tudo faremos em conjunto para assegurar o bem-estar dos animais do concelho", explicou.

Fim do abate de animais

O presidente da Câmara revelou, ainda, que o canil municipal irá ser alargado, com a expansão do número de jaulas, para que "se acabe de vez com o abate de animais, que desagrada a todos", reforçou. A capacidade do canil municipal é de cerca de meia centena de animais, o que obrigava o serviço a ter de abater o excedente — ou seja, cerca de oitenta animais têm sido eutanasiados todos os anos. Com este protocolo, quando não tiverem espaço no canil municipal os animais seguirão para o da associação, que tratará dos processos de adopção.

"Penso que as pessoas estão a adoptar mais animais, ao contrário do que se poderia pensar. Acabamos por dar para adopção com alguma frequência, por isso acho que não são os cães que vêm do canil municipal que vão encher a associação porque sempre tivemos animais a entrar e sempre resolvemos da melhor maneira", explicou Raquel Teixeira, presidente da associação. Actualmente, a associação conta com 135 animais, um número que segundo Raquel Teixeira, "é muito variável".

A dirigente adiantou que o apoio da autarquia vai servir de "almofada" para futuras melhorias das condições das instalações, apelando aos sócios e à comunidade que continuem a contribuir porque há sempre necessidades que vão surgindo. "Neste momento ainda não pensamos no destino, pensamos sim que todos os meses temos despesas fixas que precisamos de pagar e que este apoio vai ficar de reforço para quando realmente tivermos de fazer uma obra", concluiu. Com esta medida, a Póvoa de Varzim passa a ser um dos concelhos pioneiros do país a deixar de praticar eutanásia de animais num canil municipal.

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