Rita Redshoes grava com o produtor das Murder Ballads de Nick Cave

Novo álbum deverá chegar no Outono.

Foto
Rita Red Shoes encontrou em Victor Van Vugt o homem por trás de alguns dos discos que a “assaltaram na adolescência”

First we take Manhattan, then we take Berlin. O emblemático tema de Leonard Cohen pode servir de banda sonora para o encontro entre a cantora e música Rita Redshoes e o produtor Victor Van Vugt. Foi em Nova Iorque que finalmente se conheceram, foram para os copos e andaram às compras, preparando o terreno para as primeiras sessões de trabalho no álbum que Rita Redshoes começará a gravar com o frequentador assíduo dos discos de Nick Cave, Mick Harvey ou Beth Orton. Juntos em Lisboa durante os primeiros dias de Maio, os dois registaram as primeiras maquetas com esboços das canções que, em Junho, começarão a ganhar corpo no estúdio de Van Vugt em Berlim – e cuja forma final deveremos conhecer em Outubro ou Novembro, altura prevista para o lançamento do quarto álbum da cantora.

Depois de ter chamado o músico brasileiro Gui Amabis para a produção de Life Is a Second of Love (2014), Rita Redshoes voltou-se para outro nome no topo da sua lista de produtores. Van Vugt tem um currículo de fazer inveja a qualquer um, tendo estado aos comandos de Murder Ballads, um clássico absoluto na discografia de Nick Cave com os Bad Seeds, ou dos álbuns de Mick Harvey dedicados à revisitação da obra de Serge Gainsbourg – “discos que me assaltaram na adolescência, precisamente no período em que comecei a tentar fazer a minha música”, justifica Rita –, mas cujo largo espectro tanto alastra para a pop dos Shivaree quanto para o electroclash dos Fisherspooner ou para o rock libanês. “Acho que é a pessoa ideal para aquilo que procuro agora”, confessa Rita Redshoes ao Ípsilon. “Quero sobretudo um disco emocional – cada vez mais é essa a minha procura. Sem medo de que possa ser rude. Acho que ele tem a linguagem certa para me ajudar a pôr isso cá para fora, sem me desviar daquele meu lado pop sonhador – simplesmente já não sou só isso.”

Após uma primeira abordagem por email em que cantora se apresentava, Victor Van Vugt não demorou a aceitar a proposta para trabalharem juntos, depois de ser devidamente guiado pelas várias facetas de Rita Redshoes – do material mais pop ao mais clássico, passando pelas bandas sonoras assinadas em parceria com Legendary Tiger Man. “Tive muito por onde ouvir, descobrir aspectos diferentes dela e fiquei curioso em descobrir mais sobre quem era a Rita”, contou o produtor ao Ípsilon, na sua passagem por Lisboa. Clarificado o caminho que pretendia seguir, e ilustrado por uma playlist Spotify com referências a Nina Simone, Françoise Hardy ou Scott Walker preparada especialmente para contextualizar Van Vugt, começaram a trocar ideias sobre o disco que começarão a gravar em breve. “Algumas óptimas canções deste disco soam-me imenso a torch songs, o que faz muito sentido”, diz o produtor, comparando com as pistas enviadas.

Da vintena de canções inicial, os dois seleccionaram uma boa parte dos temas, registados numa forma crua em casa de Rita Redshoes, mas já com uma possível fixação de tempo e de estrutura, que seguirá agora um processo pouco convencional. “Uma das ideias que temos é trabalhar primeiro nos arranjos de cordas e só depois juntarmos a banda – isso é que vai ditar o ambiente das canções”, adianta Van Vugt. A banda a acrescentar mais tarde deverá ser composta por músicos com quem Van Vugt trabalha habitualmente.

No novo álbum, Rita Redshoes prevê igualmente aventurar-se pela primeira vez na gravação de originais em português. “Faz-me todo o sentido, são as canções que me apareceram assim, não fui minimamente à procura delas.” Juntando as peças todas, antecipa-se um álbum em que Rita Redshoes não deixará de estar reconhecível, mas em que a encontraremos a habitar lugares inéditos na sua música. As cartas estão lançadas.

Sugerir correcção
Comentar