Quinta do Gradil quadruplica facturação em cinco anos

Grupo Parras, produtor do vinho Mula Velha, prepara investimento de um milhão de euros na quinta. Metade da produção é exportada.

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Empresa tem 120 hectares de vinha Pedro Cunha

A Quinta do Gradil, no Cadaval, aumentou de um para quatro milhões de euros as suas vendas de vinhos entre 2010 e 2016. O mercado externo absorve metade da sua produção, com a China a destacar-se como principal cliente, mas a crise em Angola fez descer as exportações, que foram colmatadas por um maior incremento nas vendas nacionais.

Luís Vieira, administrador do grupo Parras, a que pertence a Quinta do Gradil, vai investir um milhão de euros naquele espaço, composto por 120 hectares de vinhas, uma adega moderna e um palácio que pertenceu ao Marquês de Pombal. É nele que pretende construir uma sala de eventos e uma adega tradicional, estando na calha um conceito inovador de turismo rural baseado em bungalows que ficarão instalados no meio das vinhas.

Para quadruplicar a facturação mantendo a mesma área de cultivo, Luís Vieira recorreu à compra de uvas na região para fazer vinho na adega da quinta. Procurou também acrescentar valor aos vinhos engarrafados, lançado novas marcas, como foi o caso do Mula Velha, mais caro e mais exclusivo que a marca Quinta do Gradil. Num segmento mais baixo a empresa comercializa o Castelo de Sulco.

As exportações representam 50% das vendas, mas já estiveram nos 60%. Uma descida que se explica pela quebra de Angola, para onde, há menos de dois anos o grupo exportava nove milhões de euros de vinho. Agora, em um ano e meio, as vendas para aquele país caíram quatro milhões de euros. A China continua a ser o maior mercado exportador, seguido da Europa, Estados Unidos e Canadá.

A Quinta do Gradil é a “coqueluche” do grupo Parras, embora a sua facturação só represente cerca de 10% da holding, que inclui também a Herdade da Candeeira e a Herdade da Vigia, ambas no Alentejo. As duas estão a ser alvo de um investimento de sete milhões de euros até aos próximos cinco anos, que inclui a construção de uma adega de dois milhões de euros na Herdade da Candeeira (Redondo).

Em Alcobaça o grupo possui a Goanvi – Central de Engarrafamento de Bebidas, Lda. onde engarrafa as suas próprias marcas (que representam 80% da produção desta unidade) e as de terceiros. Em breve será inaugurado o resultado de um investimento de 20 milhões que consiste num projecto de turismo industrial, no qual os visitantes poderão fazer o seu próprio rótulo para as garrafas e assistir ao processo produtivo através de um roteiro pela fábrica.  

A Parras SGPS tem ainda a seu cargo a exploração da Casa das Gaeiras (Óbidos) e detém a Parras Wines Distribuição, destinada à produção e comercialização das marcas, e a Bernardinos & Carvalho vocacionada para os vinhos a granel.

O grupo aumentou em seis anos a sua facturação de 20 para 45 milhões de euros.

Recentemente foi lançada uma aguardente de 40 anos, envelhecida em cascos de carvalho, que Luís Vieira herdou do seu avô e que agora comercializa. Outro nicho de mercado é a cerveja artesanal Xana que o empresário classifica de uma “brincadeira”. “Não ganho dinheiro com isto, mas divirto-me e acho piada”, diz

Luís Vieira explica que os ritmos de investimento do grupo só têm sido possíveis porque todos os lucros são reinvestidos, não havendo, por isso, lugar a distribuição de dividendos. “O mercado dos vinhos valorizou-se num todo e tem crescido a nível nacional. Como no estrangeiro o consumo mundial de vinho tem aumentado mas não a produção, isso faz com que os vinhos se tenham valorizado”, afirma.

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