Juncker garante que há condições para discutir alívio da dívida grega
Em entrevista, o presidente da Comissão Europeia diz que o país "basicamente cumpriu" todos os seus objectivos de reforma.
A Grécia "basicamente cumpriu" todos os objectivos de reforma exigidos pelos credores e, assim sendo, os parceiros europeus vão começar a discutir uma possível reestruturação da dívida. A esperança foi deixada por Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, depois de neste sábado o ministro grego das Finanças ter apelado aos seus homólogos da zona euro para que aprovem as medidas de Atenas.
"Estamos no momento da primeira revisão do plano [de resgate à Grécia] e os objectivos foram basicamente cumpridos", disse Jean-Claude Juncker numa entrevista publicada nos jornais do Funke Mediengruppe, na Alemanha.
Os credores da Grécia realizaram a revisão necessária para avaliar o progresso das reformas do Governo de Atenas e esperam desbloquear a primeira tranche do empréstimos de 86 mil milhões de euros, acordado em Julho.
O Eurogrupo, composto pelos 19 ministros das Finanças dos países da zona euro, vai reunir-se na segunda-feira em Bruxelas, onde analisará as reformas gregas. E vão também "começar as primeiras discussões sobre como tornar a dívida da Grécia sustentável a longo prazo", disse Juncker aos jornais alemães.
A aprovação das reformas é necessária antes de qualquer alívio da dívida grega, mas apesar de as negociações durarem há meses, as reformas da Grécia ainda não conseguiram o apoio de todos os credores, em grande parte devido às diferenças de opinião entre a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os comentários de Juncker surgem depois de o ministro das Finanças grego, Euclid Tsakalotos, ter pedido aos parceiros da zona euro que apoiem o pacote de reformas da Grécia, que inclui cortes de 5,4 mil milhões de euros, e rejeitem o pedido dos credores de medidas adicionais no valor de 3,6 mil milhões de euros.
"Qualquer pacote superior a 5,4 mil milhões será encarado, tanto pelos cidadãos gregos como pelos agentes económicos, dentro e fora da Grécia, como contraproducente social e economicamente", afirmou, numa carta dirigida ao Eurogrupo. Um pacote de medidas dessa envergadura, acrescenta, “não pode ser votado pelo actual Governo, nem por qualquer governo democrático”, lembrando que as reformas do sistema de pensões e da fiscalidade serão submetidas ao Parlamento este domingo.
Na sexta-feira, também a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, enviou uma carta aos 29 ministros dos países do euros, onde pede para que iniciem negociações imediatas para aliviar a dívida de Atenas e onde refere que o plano de austeridade imposto "não é credível" e também "não é desejável", e que as medidas devem ser discutidas em simultâneo com a reestruturação da dívida.