Galerista luso-francês doa escultura barroca e vista dos Jerónimos a museus de Lisboa

Escultura de Barros Laborão e pintura de Alexandre Raulin serão doadas por Philippe Mendes ao Museu de Arte Antiga e ao Museu da Cidade.

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Coroação da Virgem, de Barros Laborão
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Vista do claustro do Mosteiro dos Jerónimos, de Alexandre Raulin

O Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) vai passar a contar, no final da Feira de Arte e Antiguidades de Lisboa, com uma nova escultura de Joaquim José de Barros Laborão (1762-1820) a enriquecer o seu acervo. Trata-se de uma representação da Coroação da Virgem, que será doada à instituição pelo galerista luso-francês Philippe Mendes, que este ano, e pela primeira vez, marca presença na feira da capital portuguesa. A feira, que reúne 21 antiquários e galerias, é inaugurada esta sexta-feira às 18h (só para convidados) e dura até 15 de Maio.

Philippe Mendes vai também oferecer ao Museu da Cidade um quadro de Alexandre Raulin, de 1847, que representa uma vista do claustro do Mosteiro dos Jerónimos, que pode ser apreciado igualmente na feira. 

Sobre a escultura de Barros Laborão, Philippe Mendes afirma que se “trata de uma peça fundamental do barroco português e que é importante para a história da arte portuguesa”, associando-se assim de novo ao MNAA depois de ter desempenhado um papel de relevo na angariação de apoios para a campanha Domingos Sequeira, nomeadamente na intermediação com a Fundação Aga Kahn. Barros Laborão fez, por exemplo, as esculturas que se encontram no vestíbulo do Palácio Nacional da Ajuda.

“Estamos muito contentes com a doação de Philippe Mendes”, disse ao PÚBLICO o director do MNAA. António Filipe Pimentel conta que o museu “ambicionava adquirir” esta peça de Barros Laborão, quando se soube que ela iria ser leiloada em Lisboa. “Mas, na altura, estávamos totalmente centrados na campanha Domingos Sequeira, da qual não podíamos divergir, e não tínhamos nenhuma capacidade para a adquirir”, acrescenta, confirmando a importância da obra de Barros Laborão no contexto do barroco português, em que foi “o grande escultor a seguir a Machado de Castro, de quem foi discípulo”.

Pimentel diz que esta Coroação da Virgem irá acrescentar-se a outras peças do mesmo autor já no acervo do MNAA, nomeadamente os dois presépios de S. Vicente de Fora e dos Marqueses de Belas, que preencherão o percurso que antecede a Capela das Albertas.

Philippe Mendes, galerista estabelecido no centro de Paris desde 2007, acaba de criar, com outra luso-descendente, Paola Vieira, a Associação Luso-Patrimonio, com o objectivo de “proteger, valorizar e divulgar a arte portuguesa em França e na Europa”. Foi Mendes que doou uma Josefa de Óbidos ao Museu do Louvre, Maria Madalena confortada pelos Anjos, comprada num leilão da Sotheby's por 238.615 euros.

Outra iniciativa desta associação, e que será divulgada em parceria com o MNAA na Feira de Arte e Antiguidades de Lisboa, é a campanha Uma obra, um mecenas, que conta já com o apoio mecenático luso-francês para a recuperação de dez de 16 peças que se encontravam degradadas nas reservas do museu, e que a partir de Julho aí serão expostas ao público.

Nesta sua primeira presença na feira de Lisboa, Philippe Mendes vai apresentar um conjunto de obras dos séculos XVI a XIX. “Fizemos uma selecção criteriosa, ao nível dos grandes salões internacionais, para mostrar que em Lisboa podemos apresentar obras de alta qualidade, e que a cidade, à imagem do seu MNAA, pode estar ao mesmo nível das grandes capitais europeias”, diz o galerista.

 

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