Uma aldeia 0.0 a comunicar pela “internet da vida real”

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Nem sempre se consegue aceder à internet e as ligações telefónicas não são propriamente exemplares. Em Civitacampomarano, pequena aldeia italiana na província de Campobasso, as pessoas comunicam à maneira antiga. São pouco mais de 400 os habitantes, quase todos idosos, e a tecnologia não faz parte do dicionário deles. O artista urbano Fra Biancoshock já nos habituou às suas intervenções pouco convencionais (como a das bolhas de plástico anti-stress que instalou em paragens de autocarro) e incómodas (numa passagem pelo Porto, em 2014, criou um trabalho sobre os sem-abrigo que era um murro no estômago: “You cant’t change your life, You can change your dreams”). Biancoshock é, usando as palavras dele, um "efemerealista" com a missão de produzir obras de arte efémeras no espaço mas eternas no tempo. Foi o que tentou fazer em Civitacampomarano. Ali pode não haver vida 2.0 mas as funções das redes sociais estão todas preenchidas: uma cabine telefónica em vez do WhatsApp, um marco de correio a substituir o Gmail, um mural onde se colocam avisos para servir de Facebook, uma moto de três rodas a fazer a função do We Transfer, uma loja de portas abertas que é um eBay real ou a habitante Zia Cesira, uma verdadeira Wikipedia. São apenas alguns exemplos. "A ideia provocadora é mostrar que essas funções virtuais, consideradas pela grande maioria da população como necessárias e essenciais para a vida quotidiana, também existem no país onde a conexão é difícil de alcançar", escreveu na descrição do projecto Web 0.0 o artista que vive em Milão. Esta "internet da vida real" quer mostrar que estes instrumentos tecnológicos sempre existiram, nas tradições e cultura popular. Há vida para além do ecrã.