Venezuela: o vazio dos frigoríficos diz-nos que país é este

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Duas bananas, duas batatas, uma cebola, um saco de grão, meio pacote de açúcar e um pouco de fiambre. São uma família de cinco pessoas e não têm mais alimentos em sua casa, situada em Caracas, Venezuela. "Comemos hoje, mas não sabemos o que vamos comer amanhã. Estamos mal, nunca pensei que chegasse a este ponto", admite, à Reuters, Francisca Landaeta. Como ela, muitos outros venezuelanos debatem-se por estes dias com o mesmo drama, uma consequência da grave recessão e profunda crise económica que o país, liderado por Nicolás Maduro, enfrenta. Graças ao aumento de preços e à escassez crónica de produtos, pôr comida na mesa e ter uma dieta equilibrada é um desafio — algo bem visível neste trabalho da agência noticiosa, em que o fotógrafo Carlos Garcia Rawlins combina em dípticos retratos de pessoas com a comida existente nas suas casas. Algumas famílias, mais pobres, saltam refeições, como a de Liliana Tovar: "Estamos a comer pior do que antes. Se tomamos pequeno-almoço, não almoçamos; se almoçamos, não jantamos; se jantamos, não tomamos o pequeno-almoço". Segundo a agência noticiosa, que cita um estudo recente, 87% dos venezuelanos afirmam que o seu rendimento é insuficiente para responder às suas necessidades alimentares. Esta semana, para responder à crise energética, o Governo de Maduro anunciou mais uma medida: vai reduzir a semana de trabalho dos funcionários públicos a apenas dois dias para poupar electricidade. Já a Câmara da Indústria e dos Alimentos revelou esta quarta-feira que conta com um inventário de matérias-primas suficiente para cerca de duas semanas. “O ciclo de reposição do inventário de matérias-primas foi interrompido em mais de 15 categorias, entre elas o molho de tomate, maionese, arroz, cerveja, bolachas, pão, carnes, salsichas, compotas, leites de prazo alargado, sumos, atum e gelatina”, informou a organização, citada no "El Nacional".
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